Num país onde o Igreja Católica está a perder fiéis e após ter dito ao seu clero moçambicano que mais do converter pessoas ao catolicismo, “a vocação de Igreja é evangelizar”, o Papa Francisco profetizou durante a Homilia que orientou no estádio nacional do Zimpeto que “Moçambique tem garantido um futuro de esperança” mas só “se Jesus for o árbitro”.
No último dia da sua Visita Apostólica à Moçambique o Chefe da Igreja Católica foi abençoado com chuva que não impediu que cerca de 60 mil de fiéis provenientes de todos os cantos do país e de alguns países vizinhos cedo enchessem o estádio nacional do Zimpeto na passada sexta-feira (06).
Muitos cantos e danças mantiveram os crentes aquecidos até a chegada apoteótica do Papa Francisco que após uma volta pelo estádio, no papa móvel, iniciou a Missa Santa.
Dom Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo, em nome do povo moçambicano, agradeceu a Viagem Apostólica: “Há 31 anos que o sucessor de Pedro não caminhava pelas nossas estradas e mesmo que pela comunhão com os santíssimos nos sentíssemos próximos quis agora visitar-nos com amigos com os quais já não nos encontrávamos há muito tempo (...)Obrigado, khanimambo santidade conte sempre com a nossa oração”.
Na Homilia que fez em português o Pontífice argentino começou por comungar do sofrimento dos moçambicanos: “Muitos de vós podem ainda contar, em primeira pessoa, histórias de violência, ódio e discórdias; alguns, em sua própria carne; outros, de alguém conhecido que já cá não está; e outros ainda pelo temor de que feridas do passado se repitam e tentem apagar o caminho de paz já percorrido, como em Cabo Delgado”.
“É difícil falar de reconciliação, quando ainda estão vivas as feridas causadas durante tantos anos de discórdia, ou convidar a dar um passo de perdão que não signifique ignorar o sofrimento nem pedir que se cancele a memória ou os ideais. Mesmo assim, Jesus convida a amar e a fazer o bem. E isto é muito mais do que ignorar a pessoa que nos prejudicou ou esforçar-se por que não se cruzem as nossas vidas: é um mandato que visa uma benevolência ativa, desinteressada e extraordinária para com aqueles que nos feriram” disse ainda o segundo Chefe da Igreja Católica que visitou Moçambique.
O Santo Padre assinalou que: “Moçambique possui um território cheio de riquezas naturais e culturais, mas paradoxalmente com uma quantidade enorme da sua população abaixo do nível de pobreza. E por vezes parece que aqueles que se aproximam com o suposto desejo de ajudar, têm outros interesses. E é triste quando isto se verifica entre irmãos da mesma terra, que se deixam corromper; é muito perigoso aceitar que a corrupção seja o preço que temos de pagar pela ajuda externa”.
“Façamos o jogo de Cristo”, apelou o Sumo Pontífice que profetizou “Se Jesus for o árbitro entre as emoções em conflito do nosso coração, entre as decisões complexas do nosso país, então Moçambique tem garantido um futuro de esperança”.
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