Estreante como candidato presidencial do maior partido de oposição em Moçambique, Ossufo Momade disputa na eleição do próximo dia 15 de Outubro o seu futuro político. Um ano após ser eleito sucessor de Afonso Dhlakama a sua liderança está a ser questionada por uma ala militar e outros importantes membros da Renamo. “Se tiver resultados piores que Dhlakama e dependendo do resultado que vai ter na província de Nampula, se a Renamo não ganhar a Assembleia Provincial e eleger o Governador vai ficar fragilizado”, antevê o professor Adriano Nuvunga.
“A Renamo pretende mudar Moçambique, transformando vidas, construir uma sociedade livre, justa e próspera porque existem condições para os moçambicanos viverem melhor. O país é rico, o que falta é a divisão equitativa desses mesmos recursos” tem repetido Ossufo Momade no périplo que está a realizar pelo país acompanhado por multidões que lembram os apoteóticos comícios do falecido Dhlakama.
Contudo as promessas da oposição, salvo as mais irrealista, não diferem daquilo que o partido no poder garante que desta vez é que vai fazer. Momade parece esquecer os escândalos de corrupção, delapidação de recursos públicos e outras acções do seu principal adversário que mergulharam Moçambique na crise económica actual e aumentaram a pobreza.
“Daquilo que tenho estado a ver ele a falar as pessoas sentem o vazio de Dhlakama. As pessoas sabem que ele não é Dhlakama mas o problema é que ele tenta fazer as coisas que Dhlakama fazia, não tem discurso” assinalou em entrevista ao @Verdade o professor de Ciência Política e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane, Adriano Nuvunga, que confessou-se surpreendido com a incapacidade retórica de Momade que durante duas décadas participou dos acalorados debates na Assembleia da República como deputado.
O académico distinguiu a existência de “uma Renamo de um partido político e uma Renamo mais sociológica, mais ampla do que aquele movimento liderado por Afonso Dhlakama. A Renamo sociológica de anti-Frelimo, anti-poder existe, está lá, que não é suficientemente mobilizada pela Renamo partido pelos problemas de governação interna do próprio partido”.
Ossufo Momade começou por ser indicado por unanimidade para liderar o partido Renamo após a morte de Afonso Dhlakama, foi confirmado presidente da formação política em Congresso porém a sua liderança que já está a ser contestada por um grupo de militares que se auto-intitulou “Junta Militar da Renamo”.
Ossufo Momade precisa de igualar pelo menos os resultados eleitorais de Afonso Dhlakama
Liderados pelo Major-General Mariano Nhongo, um dos mais estrategas militares que acompanhavam Dhlakama, a “Junta Militar da Renamo” constituída por um número desconhecido de guerrilheiros abandonou o processo de Desmilitarização e Reintegração, alegadamente por estar a ser preterido nas benesses que estão a ser distribuídas, e tem clamada a autoria de esporádicos ataques armados nas províncias de Manica e de Sofala, que já causaram a morte de pelo menos quatro civis, como forma de pressionar o Governo da Frelimo a renegociar os termos do terceiro Acordo de Paz assinado em Agosto último.
O professor de Ciência Política explicou ao @Verdade que “aparentemente Nhongo é a parte residual de Dhlakama. Em termos de guerrilha quando ouves dizer que houve dois ataques e o Estado não apresenta os corpos dos membros da Junta, está claro quem perdeu. Um terceiro sem o Estado apresentar os corpos de todos estatelados já terão legitimado a Junta. A actuação do Estado moçambicano em atacar a Junta Militar está a legitima-la, está a criar base política para a Junta Militar da Renamo. Os ataques sem lhes capturar está a dar base política à Junta Militar”.
Importantes civis membros do partido Renamo, como a líder da bancada da formação política no Parlamento, Ivone Soares, associaram aos clamores da “Junta Militar da Renamo” que em Agosto realizou nas matas da Gorongosa um Conselho Extraordinário onde declarou nulo o Acordo de Paz e reconciliação assinado dias antes por Ossufo Momade e Filipe Nyusi, e elegeu Nhongo como o novo líder da maior formação política de oposição.
Aos 58 anos de idade Ossufo Mamade precisa de igualar pelo menos os resultados eleitorais de Afonso Dhlakama. “Se tiver resultados piores que Dhlakama e dependendo do resultado que vai ter na província de Nampula, se a Renamo não ganhar a Assembleia Provincial e eleger o Governador vai ficar fragilizado”, prognosticou o professor Nuvunga.
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