No dia em que o director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) avisou que o mundo tem de se preparar para uma “eventual pandemia” do novo coronavírus (COVID-19), considerando “muito preocupante” o “aumento repentino” de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC) admitiu nesta segunda-feira (25) que não sabe quantos cidadãos moçambicanos estão nestes países onde a doença já matou 2.608 pessoas.
Falando em conferência de imprensa em Genebra Tedros Adhanom Ghebreyesus alertou: “Devemos concentrar-nos na contenção (da epidemia), enquanto fazemos todo o possível para nos prepararmos para uma eventual pandemia”.
Entretanto na Itália, onde na quinta-feira (21) existiam apenas seis infectados, uma sexta pessoa faleceu nesta segunda-feira (24) na região da Lombardia enquanto os casos de contágio ascendem a 224 pacientes.
As autoridades decretaram um cordão de controlo médico-sanitário em torno de dez cidades do Norte, a Itália é o país mais afectado na Europa pelo COVID-19 e o terceiro no mundo, depois da Coreia do Sul e da China.
O Governo da Coreia do Sul elevou no domingo (23) para vermelho o alerta para doenças contagiosas, o nível mais alto de sua escala, devido ao aumento de infecções do novo coronavírus, que já afetou 763 pessoas. A decisão surgiu depois que o número de infecções aumentou 17 vezes nos últimos cinco dias, especialmente em torno da cidade de Daegu.
O presidente sul-coreano Moon Jae-in afirmou que as autoridades de saúde estavam a adoptar medidas “especiais” em relação aos membros de uma seita religiosa denominada Shincheonji, considerada o principal foco de infecção no país. De todas infecções relatadas na Coreia do Sul, mais de 300 estão ligadas a esse grupo religioso.
Na China o Presidente Xi Jinping reconheceu no domingo (23), diante dos principais líderes do país, que a epidemia do coronavírus é a mais grave crise de saúde desde a fundação da República Popular da China, em 1949.
“É o que está a espalhar-se mais rapidamente, com os mais infectados e tem sido o mais difícil de prevenir e controlar”, disse Xi, durante uma reunião do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, o mais alto órgão governamental do país, de acordo com a televisão estatal.
Xi enfatizou que a situação da epidemia permanece “séria e complexa” e que “agora é um momento crucial para impedir a sua propagação”.
As mortes pela epidemia na China aumentaram para 2.595 e o cumulativo de cidadão infectados é de 77.262, repartidos por todas as províncias e territórios autónomos.
A Assembleia Popular Nacional da China (o Parlamento) adiou a sua reunião anual que estava agendada para 5 de Março.
MINEC não sabe quantos moçambicanos estão na China, Coreia do Sul ou Itália
Em Maputo, depois dos números contraditórios de cidadãos em quarentena avançados pelo novo titular, o Ministério da Saúde reiterou que existem apenas 215 pessoas em quarentena domiciliar voluntárias dentre os mais de 113 mil viajantes rastreados em todas as fronteiras desde 22 de Janeiro.
“O nosso país continua sendo considerado de baixo risco pela OMS” enfatizou a directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, assinalando ainda que a taxa de mortalidade do COVID-19 “é baixa”.
Por seu turno o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação admitiu que não sabe quantos moçambicanos estão na China. “O número que nós temos aponta para quinhentas e tal pessoas, é verdade que são dados que obtivemos através do registo consular, que é feito na nossa Embaixada na República Popular da China, que é um processo voluntário, as pessoas quando chegam são sempre encorajadas a apresentarem-se às autoridades oficiais e ao proceder ao seu registo consular para que as autoridades possam saber onde é que estão. Mas temos consciência que há muitas outras pessoas que vão a China e que não se apresentam as autoridades consulares da nossa embaixada, o número é possível que varie”, argumentou Geraldo Saranga.
Relativamente aos 38 estudantes que estavam na Província de Hubei, epicentro do coronavírus o porta-voz do MINEC revelou que ficaram apenas 24, os restantes regressaram pelos seus próprios meios a Moçambique. De acordo com Geraldo Saranga estes 24 estudantes moçambicanos “estão sitiados, tem estado a receber aulas online. Mesmo ao nível dos nosso colegas mais directos, na Embaixada (de Moçambique na China), sabemos que não tem ido trabalhar, estão a trabalhar a partir de casa, o que de facto revela o carácter de emergência que o país está a vivenciar”.
Questionado pelo @Verdade sobre o número de moçambicanos que estão na Coreia do Sul, o segundo país onde com o maior número de doentes infectados pelo COVID-19, 763 doentesm e onde já morreram sete cidadãos, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação declarou: “Temos um universo não superior a oito estudantes”.
Sobre os moçambicanos na Itália, Geraldo Saranga reconheceu: “Podemo-nos organizar melhor e na próxima conferencia podemos dar uma indicação numérica de quantos moçambicanos estão por esses países todos que estão susceptíveis ao vírus, neste momento não tenho esse dado”.
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