A situação de falência técnica das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) voltou a agravar-se no exercício económico de 2018: os prejuízos aumentaram para 2,8 biliões de meticais, o capital próprio negativo aumentou para 7,8 biliões e as suas responsabilidades correntes excedem os activos correntes em 8,1 biliões de meticais.
Desde 2015 que as LAM estão em falência técnica, a falta de investimentos associada a má gestão e desvio de fundos tem estado a agravar as contas da companhia aérea de bandeira moçambicana que em Junho pretende voltar a voar para a Europa, uma nova rota de viabilidade duvidosa que o @Verdade entende ter sido lançada para satisfazer um desejo político do Presidente da República.
O @Verdade apurou nas Demonstrações Financeiras de 2018 que embora as vendas domésticas tenham aumentado ligeiramente, de 2,2 para 2,6 biliões de meticais, os prejuízos da empresa aumentaram para 2.833.558.808 meticais, comparativamente aos 2.088.030.607 de 2017.
A venda de bilhetes no segmento doméstico cresceram de 2 biliões para 2,3 biliões de meticais e aumentaram ligeiramente as receitas com carga e correio, 196 milhões e 3 milhões de meticais, respectivamente.
No segmento de passageiros regionais as vendas reduziram de 691 milhões para 560 milhões de meticais.
Naquele que foram os últimos meses da Administração comandada por António Pinto, agora a ser julgado por gestão danosa, os activos correntes e não correntes depreciaram-se de 12,5 biliões para 8,7 biliões de meticais enquanto o passivo corrente voltou a crescer de 10,7 biliões para 11,5 biliões de meticais.
O @Verdade descortinou que no total o passivo ascendeu a 16.594.915.841 meticais onde 6,9 biliões são contas atrasadas com fornecedores e 5,9 biliões são dívidas com bancos nacionais e estrangeiros.
Os dois principais credores são com os Aeroportos de Moçambique e com a Petróleos de Moçambique.
Direcção-geral liderada por João Carlos Pó Jorge fora de mandato
“(...) A empresa apresenta um capital social próprio negativo no montante de 7.871.737.483 meticais, resultante de perdas acumuladas no montante de 12.020.019.670 meticais, e as suas responsabilidades correntes excedem os activos correntes, no montante de 8.116.759.948 meticais, pelo que a continuidade das suas operações, pressuposto assumido na preparação das demonstrações financeiras, está fortemente dependente da obtenção de recursos financeiros adequados por parte dos accionistas e/ou da banca e/ou ainda de operações lucrativas futuras”, alertou o Auditor Externo nas Demonstrações Financeiras a que o @Verdade teve acesso.
A direcção-geral das Linhas Aéreas de Moçambique que herdou a empresa nesta situação de falência, em Julho de 2018, não se disponibilizou a responder os esclarecimentos solicitados pelo @Verdade.
Contudo o @Verdade apurou que para além das contas de combustível terem sido pagas durante alguns meses pelo Instituto de Gestão das Participações do Estado o principal accionista, o Estado, injectou na falida Linhas Aéreas de Moçambique 1,4 bilião de meticais, no último trimestre de 2018, para ajuda-la a reestruturar as dívidas correntes que na altura ascendiam a 11,5 biliões de meticais.
Dirigida por João Carlos Pó Jorge o mandato da actual direcção-geral das LAM expirou no passado mês de Janeiro.
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