Filipe Nyusi fez nesta segunda-feira (27) uma resenha dos serviços abaixo do mínimo exigido que realizou durante os primeiros 100 dias do seu 2º mandato. O @Verdade descortinou que o Presidente da República nem sequer reconheceu as milhares de promessas de 2015 que foi incapaz de concretizar: 22 mil quilómetros de importantes estradas continuam em terra batida, milhões de crianças continuam a estudar ao relento ou que durante 5 anos construiu apenas dois dos 60 hospitais que prometeu. Mais desolador foi constatar a inexistência de uma visão clara de desenvolvimento de Moçambique até 2024.
Primeiro foi o conflito com a Renamo, depois as dívidas ilegais, seguiram-se as Calamidades Naturais, o terrorismo na Província de Cabo Delgado e agora é a pandemia do novo coronavírus, desculpas reais que não bastam para justificar os paupérrimos primeiros 100 dias do 2º mandato do Presidente Nyusi.
O 4º Chefe de Estado de Moçambique constatou o óbvio “a vida em Moçambique não parou” - porque os moçambicanos aprenderam a não esperar pelas esmolas do partido Frelimo-, e apesar da economia real que estar em recessão desde 2016 e parada há quase sete meses Nyusi foi incapaz de indicar como a retoma será feita ou pelo menos quão grave será o impacto da covid-19.
O futuro melhor continuam a ser “o projecto do barco flutuante Coral South FLNG e o projecto Mozambique LNG que a despeito da situação corrente deverão entrar em produção em 2023 e 2024, respectivamente”, declarou o Presidente da República que elencou os chavões repetidos nas últimas décadas: agricultura, industrialização, empreendedorismo, melhoria do ambiente de negócios.
Ignorando os milhões de crianças que continuam a estudar ao relento e os jovens que não podem concluir o ensino secundário por falta de escolas e professores Filipe Nyusi vangloriou-se “disponibilizamos 2.233 carteiras escolares, e ainda durante os primeiros 100 dias concluímos a construção de 58 escolas, entre as do ensino primário e do ensino secundário”.
O @Verdade apurou que as escolas indicadas pelo Chefe de Estado estavam em construção desde o mandato passado durante o qual nem sequer conseguiu cumprir a promessa de edificar 4.500 salas de aulas, ficando-se por apenas 3.004 salas para os ensinos primário e secundário.
A conclusão da instalação de 60 quilómetros de rede de distribuição de água em Intaka e Guava, vila da Moamba, Sábie e Pessene e a conclusão da construção de 14 sistemas de abastecimento de água nas províncias de Cabo Delgado, Gaza, Niassa, Nampula, Tete e Zambézia foram outras acções que Nyuso declarou ter realizado desde que foi empossado a 15 de Janeiro, porém são promessas que remontam a 2017.
Promessas do mandato passado, retórica de empregos e poesia
“Concluímos a asfaltagem da estrada R482, Panda – Homoíne, numa extensão de 9 quilómetros”, clamou ainda o Presidente da República. Todavia o @Verdade apurou que este pequeno troço de estrada está planificado para ser asfaltado desde 2016.
Aliás o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos de Nyusi admitiu há poucos dias na Assembleia da República que dos 22 mil quilómetros de vias rodoviárias que precisam de ser alcatroadas apenas 392 quilómetros serão intervencionados.
Paradoxalmente o Executivo de Filipe Nyusi foi incapaz de reconstruir uma ponte sobre o rio Montepuez, de poucos quilómetros, que desabou em Dezembro de 2019 deixando isolados nove distritos da Província de Cabo Delgado.
O Chefe de Estado insistiu na retórica da criação de milhões de novos empregos e no balanço das suas próprias metas vangloriou-se “criamos 48.323 empregos”. Para além do sector privado não reconhecer ter criado esses postos de trabalho o @Verdade descortinou no Plano Económico e Social, recentemente aprovado pela Assembleia da República, que o Governo de Nyusi propõe-se a contratar durante todo ano de 2020 apenas 13.172 efectivos novos trabalhadores.
Sem nada de relevante para dizer aos "seus patrões" Filipe Nyusi recorreu a poesia, apelou à imaginação e espírito inovador dos moçambicanos e deixou a ilusão: “Continuamos firmes e focalizados na agenda nacional, que é implementar o Plano Quinquenal do Governo, e reforçar a determinação de adequar a nossa visão e sublinhar as perspectivas. De cabeça erguida, queremos andar para frente”.
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