Mais de 1 mês após o diagnóstico do primeiro trabalhador da Total infectado pelo novo coronavírus as autoridades de Saúde ainda não descobriram como o vírus chegou à Península de Afungi, de onde saíram 1.843 potenciais casos suspeitos e a transmissão continua activa entre os 880 funcionários que ainda estão nos acampamentos. “A nossa curva epidemiológica é fortemente dominada pelos casos que tem a ver com a investigação em Afungi”, afirmou o director-geral do Instituto Nacional de Saúde (INS) após ter sido diagnosticado mais um infectado neste domingo (03), dos 80 infectados em Moçambique 65 são trabalhadores da petrolífera francesa que lidera o projecto de gás natural Mozambique LNG.
“Em Afungi, no início do processo de testagem, no dia 1 de Abril, estavam 880 funcionários, destes foram testados até agora 560 dos quais há um número importante de positivo e ainda temos 320 funcionários por testar e prevemos que o último dia de colheita de amostras seja o dia 5 de Maio e depois iremos finalizar este processo de testagem em Afungi e prosseguir com os trabalhos de desinfecção e eliminação do vírus ao nível deste acampamento”, anunciou neste domingo o Dr. Ilesh Vinodrai Jani em conferência de imprensa.
Decorridos 33 dias desde que foi diagnosticado o primeiro trabalhador da Total infectado pelo novo coronavírus as autoridades de Saúde moçambicanas ainda não sabem quem foi o paciente zero num dos três acampamentos que a petrolífera possui na Península de Afungi, no Distrito de Palma.
O director-geral do INS admitiu que 1.843 trabalhadores deixaram os acampamentos antes da descoberta do primeiro infectado no dia 1 de Abril. “Quanto aos casos que saíram de Afungi antes de haver sido diagnosticado o primeiro caso, saíram não na última semana de Março mas ao longo do mês, entre 1 e 31 este é o número que saiu. Estes indivíduos foram contactados todos eles quase já, entre estes foram selecionados para testagem com base numa entrevista alguns e esse processo de testagem decorre e o processo de vigilância epidemiológica destes casos continua a decorrer”.
O @Verdade apurou dentre os funcionários que saíram dos acampamentos, e que poderiam estar infectados porém assintomáticos, 246 foram localizados telefonicamente na Província de Maputo, 128 na Cidade de Maputo, 27 na Província de Gaza, 29 na Província de Inhambane, 34 na Província de Sofala, 35 na Província de Manica, 44 na Província de Tete, 58 na Província da Zambézia, 190 na Província de Nampula, 27 na Província de Niassa e ainda 159 em vários distritos da Província de Cabo Delgado.
Trabalhador da Total acusa positivo para coronavírus 1 mês após sair da Afungi
Confrontado pelo @Verdade se todos estes trabalhadores da Total que deixaram Afungi já foram testados ou estão em quarentena obrigatória o Dr. Jani admitiu: “Não, esses não são considerados como estando em quarentena, é um processo que é feito de forma paralela. Estão sob vigilância das autoridades sanitárias locais e todos aqueles que foram identificados como necessitando de acompanhamento mais próximo, estão a ser acompanhados, alguns foram seleccionados para serem testados e esse processo decorre, para alguns já esta completo”.
“Faço notar que alguns destes indivíduos saíram do acampamento no dia 1 de Março portanto faz 2 meses, não faz sentido colocar em quarentena, o que faz sentido é fazer uma investigação epidemiológica destes indivíduos e dos seus contactos e é isso que está sendo realizado”, acrescentou o responsável dos epidemiologistas moçambicanos.
Mas o facto é que nesta sexta-feira (01) um dos trabalhadores da petrolífera francesa que trabalhou nos acampamentos de Afungi e saiu da Província de Cabo Delgado para a Cidade de Maputo antes de 1 de Abril, antes de ser imposto o cordão sanitário e será parte dos 1.843 trabalhadores que deixaram o acampamento durante o mês de Março, acusou positivo para o novo coronavírus, é um moçambicano que tem entre 24 e 34 anos de idade e está em isolamento domiciliar na capital do país.
O projecto Mozambique LNG que vai explorar o gás natural existente nos campos de Golfinho/Atum da Bacia do Rovuma, que deverá realizar o maior investimento privado que África já teve e que é suposto trazer o futuro melhor para os moçambicanos até agora contribuiu para a infecção de 68 dos 80 indivíduos que tem ou tiveram covid-19 no nosso país, entre elas uma criança.
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