Mali: Rebeldes criam Estado Islamico Independente
Os rebeldes tuaregues e milícias islâmicas uniram as suas forças no norte do Mali e anunciaram a criação de um Estado Islâmico Independente, chamado de Azawad.
Esses grupos aproveitaram-se do golpe militar em Bamako para assumirem o controlo do norte do país.
A correspondente da VOA, Anne Look diz que começa a haver resistências por parte dos residentes do norte quanto a instalação da lei islâmica.
Na cerimónia de abertura do tribunal na cidade da Gao, no norte do Mali, o comissário Abdoulaye Maiga começa a sessão com a leitura do alcorão. Esse conhecido homem de negócios na região, é membro da milícia da seita islamica Ansar Dine, que segundo os residentes domina actualmente a cidade.
Esta manhã, Maiga procedia a audiência do caso de um homem acusado de ter deixado o gado pastar-se no campo do vizinho. O réu confessa o acto, e diz que já tinha resolvido no passado situações idênticas, subornando as autoridades. Desta vez ele promete compensar o vizinho pelos estragos nas plantações. O acordo acabou por ser aceite.
O comissário Maiga prossegue o dia, julgando outros casos, incluindo um envolvendo dois homens, um deles acusado de adultério e outro de embriaguez. Nenhuma testemunha foi ouvida. A repórter da VOA pôde ainda assistir a aplicação da sentença que impôs 80 chicotadas a cada um.
A cidade de Gao é um dos três maiores centros populacionais do norte do Mali conquistado pelos separatistas tuaregues e milícias islâmicas durante o caos que se seguiu ao golpe de Estado de 22 de Março em Bamako.
Os dois grupos uniram as suas forças ultimammente e anunciaram que vão criar um Estado islâmico independente numa área que compreende cerca de dois-terços do território maliano. Ansar Dine já está a impor a sua variante de lei islâmica no norte do país.
Um milícia que identificou-se como Ibrahim diz que não vão forcar ninguém a praticar o islão. Adiantou que é Alá quem ordenou para que o islão fosse adoptado como a religião e que deverá ser feito com a sharia e um exército para a sua defesa.
Apesar do islão ser há muito anos, a religião praticada no norte, os residentes de Gao estão a ter dificuldades em aceita-la.
As mulheres deverão usar véus em público. Pessoas de sexos diferentes não deverão andar juntas ou abraçar-se em público. As milícias acabaram por encerrar os bares e clubes nocturnos da cidade.
A seita Ansar Dine tem ligações com al-Qaida do Magreb conhecida como AQIM, cujos militantes e líderes têm sido vistos em Gao e noutras cidades do norte do Mali desde a ocupação.
As Nações Unidas indicam que mais de 200 mil malianos já fugiram do norte ao longo deste ano.
A CEDEAO enquanto organização regional, propôs enviar uma força de paz ao Mali. Os analistas dizem no entanto que a situação no norte do país não parece fácil para que seja operada uma mudança a curto prazo.
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