Portugal e os Estados Unidos aceitaram o novo presidente interino Serifo Nhamadja, nomeado em consequência do golpe de estado na Guiné-Bissau.
Fontes diplomáticas portuguesas disseram à Voz da América que o governo aceita a solução negociada entre os golpistas, os partidos da oposição guineense e a CEDEAO (Comunidade dos Estados da África Ocidental). A Comunidade decidiu, ainda, apoiar o processo de negociações para a nomeação de um governo provisório.
Uma porta-voz do Departamento de Estado americano elogiou as negociações conduzidas pela CEDEAO e saúda "a nomeação negociada pela CEDEAO de Serifo Nhamadjo como líder de um governo de transição".
"Exortamos todas a partes a aceitarem-no e a cooperarem para que haja estabilidade, primado da lei, democracia, prosperidade e respeito pelos direiros humanos na Guiné-Bissau", disse a porta-voz.
Os Estados Unidos dizem, ainda, que um plano de acção para este período transitório na Guiné-Buissau deve "respeitar o direito constitucional e incluir todas as partes nacionais".
"Antes de se considerarem outras opções devem ser esgotados todos os esforços para ser alcançada uma solução negociada", defende a porta-voz.
As posições americana e portuguesa (esta última ainda não foi assumida oficialmente) deixam isolado o PAIGC, que não reconhece Nhamadjo. A aceitação de Nhamadjo por parte de Lisboa cria uma situação melindrosa no seio da CPLP, onde Angola apoia o PAIGC e Carlos Gomes Júnior.
A CPLP ainda não tomou posição, mas uma fonte diplomática admite que o governo português tenha mantido contactos com os restantes membros da CPLP, antes de decidir aceitar como facto consumado a nomeação de Nhamadjo. Nota a fonte que nem Lisboa nem Washington usam a palavra "reconhecer" mas, sim, "aceitar".
As reacções iniciais ao golpe do mês passado, incluiam a exigência unânime (da CEDEAO, União Africana, ONU e CPLP) de regresso à normalidade constitucional. Isso comportava o regresso de Raimundo Pereira à presidência interina, a retomada de funções da Assembleia Nacional onde o PAIGC tinha maioria, e a conclusão do processo eleitoral com o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior a liderar no fim da primeira volta.
Os militares apresentaram o seu próprio plano de regresso a um governo civil, que incialmante foi rejeitado. O plano incluia a formação de um conselho de transição que nomearia um executivo com a missão de preparar eleições dentro de um ou dois anos.
Mas num volte face, a CEDEAO aceitou quase na íntegra o plano dos golpistas - as funções do conselho de transição ficaram a cargo do que resta da Assembleia Nacional e o periodo de transição foi encurtado para um ano. Aos poucos, a comunidade internacional parece aceitar como facto consumado que os objectivos do golpe prevaleceram.
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