O comandante da 2ª Esquadra a nível da cidade de Nampula, Gabriel Consolo, é acusado pelos parentes e alguns moradores do bairro de Muhavire de ter alvejado um jovem de 29 anos de idade no passado dia 9 do presente mês depois de a viatura na qual se fazia transportar ter embatido no carro pessoal do agente da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula.
Trata-se de um jovem que em vida respondia pelo nome de Ângelo António Muhila, de 29 anos de idade, que foi alvejado à queima-roupa, tendo perdido a vida de imediato.
Joaquim Augusto, tio da vítima, afirmou que a acção do comandante foi premeditada. "Julgo que a reacção dele foi um ajuste de contas, porque alvejou na cabeça o indivíduo que não estava a conduzir a viatura", disse.
Augusto exige que a justiça seja feita e questiona as reais causas que teriam levado o comadante Consolo a atirar, pois no seu entender não se justifica tal reacção, até porque várias viaturas da polícia ou mesmo de membros da PRM já embateram em veículos alheios mas nunca foram espancados e, muito menos, mortos.
O tio do malogrado acrescentou que não havia necessidade de se recorrer à arma de fogo e afirmou que a morte do seu sobrinho poder ser um ajuste de contas, uma vez que existia clivagem entre as duas famílias.
Segundo conta, o comandante da 2ª Esquadra teria por diversas vezes ordenado a detenção do jovem quando era chefe das Operações da 1ª Esquadra.
Almeida Alves, amigo de Ângelo, que presenciou o acontecimento, conta como tudo aconteceu: "Vi tudo. Depois do acidente, a polícia não deu tempo aos jovens, atirou para o interior da viatura e alvejou Ângelo. O automobilista fez marcha atrás e arrancou temendo ser atingido pelo comandante".
Alves afirmou que foi uma situação lamentável. O nosso entrevistado disse ainda que mesmo depois da morte do seu irmão, Xavier Consolo, o comandante da 2ª Esquadra não esteve tão preocupado como ficou quando a sua viatura foi danificada. Referiu também que aquele membro da PRM devia demitir-se ou ser exonerado, além de preso pelo crime que cometeu.
Falsas declarações da polícia
Os parentes do malogrado em contacto com a nossa reportagem protestam contra a atitude das autoridades policiais em Nampula, principalmente Da 2ª Esquadra, e as falsas declarações feita à Imprensa. Segundo explicam alguns membros da família, depois do acidente o condutor da viatura não se pôs em fuga de imediato depois de embater no carro do comandante, mas prosseguiu a marcha temendo que fosse alvejado.
O tio do malogrado desmente que na viatura vinham duas pessoas, pois eram três ocupantes, um dos quais atingido mortalmente na cabeça. "Não é verdade que a polícia disparou em plena perseguição. O jovem foi baleado no momento em que a viatura havia abrandado após o acidente", disse Joaquim Augusto.
O nosso entrevistado referiu ainda que depois de fugir da Polícia, o condutor da viatura supostamente perseguida foi encostá-la no estaleiro do seu pai e de seguida tratou de comunicar aos familiares sobre o sucedido. Instantes depois, foram apresentar-se às autoridades policiais. "É difícil compreender a atitude do agente que decidiu disparar apenas por embaterem na sua viatura", lamentou.
Celestino Muhilapa, irmão do malogrado, mostrou-se visivelmente agastado com o sucedido. Em relação ao estado de embriaguez em que supostamente se encontrava o condutor da viatura, Muhilapa disse que essa é a conclusão a que os agentes da lei e ordem chegaram, e afirmou que a decisão da polícia de atirar contra os jovens que se encontravam no interior do carro é suspeita, uma vez que, ao invés de atingir os pneus, os disparos foram dirigidos aos ocupantes da viatura.
Num outro desenvolvimento, as nossas fontes exigiram explicações claras sobre a atitude do comandante.
O que diz a polícia?
Inácio João Dina, porta-voz da PRM em Nampula, afirmou que neste momento está a ser feita uma investigação para se apurar o que teria acontecido e depois tomar-se- -iam medidas.
Dina avançou que a Polícia agiu daquela maneira porque os ocupantes da viatura se puseram em fuga. Em relação à bala certeira contra um dos jovens, o porta-voz afirmou que não era intenção da polícia tirar a vida de alguém mas imobilizar a viatura.
Se o que aconteceu não tem a ver com um ajuste de contas entre as duas famílias, Inácio João Dina preferiu não comentar, acabando por dizer que questões pessoais não podem entrar na componente profissional, e afirmou que tudo indica que o que aconteceu não tem nada a ver com clivagens familiares.
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