AS eleições gerais e das assembleias provinciais agendadas para o dia 15 de Outubro devem ter lugar, como manda a lei, independentemente da vontade da Renamo, segundo defenderam, em contacto com a nossa reportagem, deputados da Assembleia da República pelas bancadas da Frelimo e do MDM, a propósito das novas exigências colocadas pelo maior partido da oposição em sede do diálogo com o Governo.
Os nossos entrevistados disseram que o partido liderado por Afonso Dhlakama demonstrou, ao longo da história da democracia multipartidária no país, que não serve os interesses dos moçambicanos, está a soldo de forças estrangeiras com o objectivo único de desestabilizar o país, daí que não é surpreendente o facto de sempre colocar entraves aos processos eleitorais.
A Renamo enfrenta sérios problemas para se enquadrar no cenário político moçambicano como um partido normal e para fazer valer a sua génese de violência, remetendo os moçambicanos à desgraça, numa atitude puramente maquiavélica.
PURA SABOTAGEM - JAIME NETO
Para o deputado Jaime Neto, ao colocar à mesa do diálogo com o Governo, novas exigências, a Renamo está a dar sinais que sempre deu, de sabotagem aos processos eleitorais.
“Quando se aproximam os períodos eleitorais, a Renamo procura criar condições para sabotar esses mesmos processos. Ela sabe que ao introduzir essas matérias (exigências) vai se travar uma discussão muito prolongada. Eu acredito que se não se resolver esta questão muito rapidamente, criar-se-ão condições para que a Renamo sabote o processo eleitoral”, disse.
Jaime Neto considerou absurdas as exigências que o partido de Afonso Dhlakama introduziu na mesa do diálogo. Trata-se, segundo o parlamentar, de matérias que irão mexer com todo o sistema de governação do país. Disse que o poder governativo que o partido Frelimo detém não o foi oferecido, mas sim legitimado pelo voto popular. “A Frelimo foi às eleições, ganhou e montou o seu aparelho. É uma sabotagem que a Renamo está a fazer e vê-se claramente que ela não quer nada. Não quer ir às eleições. Para a Renamo, as cedências que o Governo fez em sede do diálogo são insignificantes e isso é bastante lamentável”, afirmou.
Segundo Jaime Neto, a Renamo acha que se as eleições não forem realizadas terá a oportunidade de reivindicar a constituição dum Governo de Unidade Nacional, o que é absurdo. Disse que o partido Frelimo está preparado para as eleições deste ano e o Governo tudo está a fazer para que esse imperativo constitucional se materialize.
Indicou que neste momento decorre em todo o país o recenseamento eleitoral, condição primeira para que os cidadãos exerçam o seu direito de eleger e serem eleitos.
“A intenção da Renamo de chegar ao poder através de um Governo de Unidade Nacional está falhada logo à partida. Não vão conseguir”, rematou.
PROCEDIMENTO INACEITÁVEL - ROBERTO CHITSONDZO
O deputado Roberto Chitsondzo considerou procedimento inaceitável a atitude da Renamo, ao ter aparecido no diálogo com novas exigências. Segundo afirmou, ao colocar novas exigências, reivindicando paridade nas Forças de Defesa e Segurança, a “perdiz” está a admitir que mata cidadãos indefesos em nome dessas exigências. “É verdade que há exigências que devem ser encaminhadas a quem de direito, mas neste caso a Renamo é privilegiada porque o Governo do dia lhe dá espaço para colocar as suas exigências. Não deve matar pessoas e continuar esta dinâmica de que pode fazer isto ou aquilo. Faço votos para que o Governo tenha paciência e a necessária sabedoria e rogo a Deus para que lhe dê forças para aguentar mais uma desfeita da Renamo”, disse.
Roberto Chitsondzo afirmou que a Renamo não quer ir para o Governo por via de eleição, mas sim por caminhos e processos ilegais e ilícitos. Acrescentou que com os obstáculos que coloca ao diálogo, a Renamo não quer que haja eleições no país.
RENAMO SEM COMANDO - DÁRIO FERNANDES MACHAVA
O deputado Dário Fernandes Machava disse que as exigências da Renamo demonstram que ela está, claramente, sem comando.
“Só para ver, as exigências que eles vinham fazendo já estão esgotadas. Primeiro queixava-se do pacote eleitoral. A legislação eleitoral foi toda ela consensualizada. É claro que as exigências que eles trazem neste momento são inconstitucionais. Na Constituição da República está patente que quem nomeia o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas é o Presidente da República, é o Comandante-Chefe. Tudo o que a Renamo está a fazer são manobras dilatórias que é para não ir às eleições. Estamos a escassos dias do término do recenseamento eleitoral e o senhor Dhlakama ainda não se recenseou”, observou, acrescentando que o maior partido da oposição não tem argumentos suficientes para participar nas eleições.
Segundo aquele parlamentar, a máquina da Renamo está fragilizada, o que mostra que ela não tem pernas para andar. Disse que com ou sem a Renamo, o partido Frelimo vai às eleições.
“A lei está clara. Quem não recenseia, não vota. Se não vão às eleições, o problema é deles. Nós, a Frelimo, e os outros partidos que se inscreverem vamos participar”, afirmou.
Dário Machava disse não haver lugar à constituição dum Governo de Unidade Nacional. O partido Frelimo ganhou as eleições e o Governo foi legitimado pelo povo.
“Isso é um jogo democrático. Vamos às eleições. Não há aqui espaço para a distribuição de lugares no Governo. Ganhou, forme o seu Governo. Perdeu, espere por outras oportunidades. O MDM que concorreu às autárquicas ganhou e formou o Governo local. Eles (Renamo) que sigam o exemplo” do MDM, declarou.
NÃO ESTÁ INTERESSADA NA PAZ - LUCINDA MALEMA
A Renamo não está interessada na manutenção da paz em Moçambique, porque se estivesse ou fizesse parte dessa mesma paz não recorreria às armas como forma de fazer valer as suas reivindicações, segundo a deputada Lucinda Malema.
“O seu comportamento revela que ela é um partido que sempre gostou de conflitos e de colocar as populações em pânico. Pretende conduzir o país ao abismo. Isso é inaceitável. Nós baseamo-nos na Constituição da República, ao abrigo da qual temos um único Estado, um único Governo. Este Governo foi eleito pelo povo e serve os seus interesses”, disse, sublinhando que é intolerável que haja no país um exército partidarizado, como a “perdiz” pretende.
Recordou que nas perguntas ao Governo na Assembleia da República, a Renamo sempre questionou a partidarização do Estado, mas em sede do diálogo mostra uma outra face, defendendo exactamente a sua partidarização.
Lucinda Malema afirmou que o partido Frelimo vai às eleições e está preparado para ganhar, mercê do trabalho que realiza no seio das populações, das realizações do seu Governo em prol dos moçambicanos.
PARTIDO QUE NÃO SABE O QUE QUER - BEATRIZ AJUDA
Para a deputada Beatriz Ajuda, a Renamo é um partido que não sabe o que quer e já provou isso aos moçambicanos quando em várias ocasiões e momentos defendeu um determinado ideal mas volta e meia alinhou-se noutro.
“Para mim, isso é muito bom, porque os moçambicanos já entendem que, de facto, a Renamo não está interessada em nada. A forma como o diálogo está a decorrer mostra que o Governo, sempre de mãos abertas, foi aceitando as exigências da Renamo. Mas cada dia que passa, ela aparece com novas exigências, que para mim são uma aberração. As exigências que agora coloca são absurdas e não são aceites em parte nenhuma do mundo”, disse.
Segundo aquela parlamentar, o partido liderado por Afonso Dhlakama não está, efectivamente, interessado em participar nas eleições de 15 de Outubro, pois se estivesse não estaria a perder tempo colocando exigências inconcebíveis no lugar de se preparar.
Beatriz Ajuda apelou à Renamo para que entregue as armas e abrace a paz. Afirmou que o povo moçambicano sabe quem é que está a perturbar a estabilidade e a criar o pânico, emperrando o progresso do país. “A Renamo demonstrou que por via de eleições nunca vai governar este país. É por isso que mata pessoas, pilha bens, destrói infra-estruturas. Aliás, esta sempre foi a sua génese. Mas nós vamos ( a Frelimo) continuar a governar”, indicou.
RESTABELECER A PAZ - JOSÉ DE SOUSA
O deputado José de Sousa, do MDM, manifestou-se optimista de que o Governo e a Renamo encontrarão mecanismos apropriados para o restabelecimento da paz no país e que o diálogo não vai emperrar devido às exigências colocadas pelo maior partido da oposição.
Disse que as dificuldades que forem sendo encontradas ao longo do diálogo em curso serão dissipadas porque, segundo o deputado, quer o Governo, quer a Renamo, possuem suficiente inteligência para ultrapassarem as suas diferenças.
Afirmou que o seu partido surgiu no cenário político nacional para chegar ao poder e isso só é possível pela via do voto popular nas urnas.
“Nós continuamos a defender que é necessário que se corresponda ao quadro jurídico-legal instituído em Moçambique, ou seja eleições regulares, para as quais o Movimento Democrático de Moçambique participará”, rematou.
NOTÍCIAS – 18.04.2014
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sexta-feira, 18 de abril de 2014
Com ou sem RENAMO: Eleições devem ter lugar
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