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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Calor, chuva, vento, nevoeiro, poeira... todos fenómenos naturais já foram usados pela EDM ...

Foto da EDMA vaga de calor que se fez sentir na semana finda no Sul de Moçambique causou cortes de energia. A chuva e ventos que se seguiram também originaram restrições no fornecimento da electricidade. Há alguns anos a Electricidade de Moçambique(EDM) apontou também o nevoeiro e a poeira como os causadores dos apagões. Porém a empresa estatal monopolista de distribuição de energia não admite que opera em défice que está a ser agravado, até finais de Fevereiro de 2017, pela avaria de um dos grupo geradores da HCB.

Um comunicado da EDM informou que a vaga de calor que se abateu sobre a Cidade e Província de Maputo no dia 22 de Dezembro de 2016, “levou à danificação de equipamento eléctrico na subestação da Matola, provocando interrupção e depois restrições no fornecimento de energia eléctrica em alguns bairros destas unidades territoriais – cidade e província de Maputo”.

No dia 24, quando a chuva e ventos fortes abateram-se para sobre a Região Sul muitos dos clientes da Electricidade de Moçambique também se viram privados do fornecimento de energia durante várias horas.

Se para os citadinos de Maputo estes apagões não são frequentes nas províncias repetem-se várias vezes durante o mesmo dia. É normal na cidade de Nampula acontecerem pelo menos três apagões por dia.

O @Verdade questionou à EDM qual o défice actual de energia nas Regiões Sul, Centro e Norte. “Em condições normais não existe défice de energia em nenhuma das três Regiões (ie Sul, Centro e Norte). Aliás, em condições normais o nosso País dispõe de um excedente de energia que até exporta para os países vizinhos”, respondeu por email o director comercial da empresa Sérgio Parruque.

Todavia um documento interno da empresa a que o @Verdade teve acesso, a “Estratégia para Fornecimento de Energia de Qualidade a Curto Prazo”, revela a “EDM está em défice de energia desde finais de 2010 e para colmatar o problema recorre a importação de energia nas horas de ponta com custos elevados”.

Numa entrevista recente ao @Verdade o Governador de Nampula, Victor Borges, revelou que a província tem um défice de 470 Megawatts. “A subestação de Muatala está a receber 130 Megawatts, nós em Nampula precisamos de 600 Megawatts” declarou o governante.

Gerador da HCB avariado até Fevereiro reduz 200 Megawatts na sua produção

A energia importada pela estatal moçambicana é adquirida a Eskom, a sua congénere sul-africana, a uma custo dez vezes mais elevado do que é vendido pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa(HCB) que não pode vender aos moçambicanos, através da EDM, mais do que 300 Megawatts por assumiu compromissos futuros com a África do Sul e o Zimbabwe, como forma de garantia para o empréstimo do pagamento da reversão da barragem do Estado português para o moçambicano.

Entretanto, no passado dia 3 de Dezembro, o grupo gerador No. 3 da central da HCB registou uma avaria “causada pela ruptura do material isolante do enrolamento daquele equipamento”, indica um comunicado da Hidroeléctrica recebido pelo @Verdade.

“Como resultado desta avaria, o fornecimento de energia aos clientes foi reduzida na ordem de 18 por cento” acrescenta a HCB que esclareceu ao @Verdade que “o fornecimento de energia aos clientes da Hidroeléctrica de Cahora Bassa foi reduzida na ordem dos 200 Megawatts”.

A HCB não quis esclarecer ao @Verdade quantos desses Megawatts serão reduzidos na quota fixa que vende à Electricidade de Moçambique.

Já o director comercial da empresa estatal explicou que “a avaria do grupo não deverá em princípio afectar o fornecimento a EDM do ponto de vista físico. Entretanto a EDM poderá ser sujeita a penalizações dado que face a indisponibilidade de 1 gerador a HCB reduzirá o fornecimento de energia firme a Eskom (e direccionará a energia para a EDM) com efeito, a HCB será penalizada pela Eskom pela redução do fornecimento e em consequência tal penalização financeira será repassada a EDM”.

Uma explicação pouco elucidativa sobre o impacto desta avaria que, de acordo com a HCB, “dada a complexidade da avaria estima-se que esta unidade esteja operacional dentro de 70 dias”, indica o comunicado enviado ao @Verdade.

Aliás, de acordo com um documento interno da estatal monopolista da distribuição de electricidade em Moçambique, “A reversão dos 200 MW do 5º Grupo da HCB que alocados a Eskom são fundamentais para o Balanço energético do País bem como para a minimização dos custos de energia”.

Relativamente a exportação de energia pela estatal moçambicana esta recentemente renovou o acordo que tem com o Lesotho para a venda 150 Gwh/ano. Respondendo às questões enviadas por correio electrónico pelo @Verdade Sérgio Parruque confirmou o negócio e aclarou que “o preço a apagar pela Lesotho Electricity Company cobre o custo de produção/fornecimento incorridos pela EDM e permite uma margem de lucro”.

Questionado sobre onde a Electricidade de Moçambique vai buscar energia para revender, afinal cerca de 90% da sua energia que não chega para os moçambicanos vem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, Parruque declarou que a “EDM dispõem de um portfólio de fontes de geração o qual inclui (i) geração própria, (ii) aquisições a HCB e (iii) compras aos produtores independentes. Portanto, não é uma fonte única mas um conjunto de fontes”.

Importa referir que as fontes independentes vendem energia a estatal moçambicana a um custo muito superior ao da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, cujo preço para a EDM é de 3,5 dólares norte-americanos por quilowatt/hora(kWh).

Por exemplo a Aggreko, uma empresa da Escócia que opera uma central termoeléctrica existente em Ressano Garcia, vende electricidade à EDM por 15 dólares norte-americanos por kWh. Já a central termoeléctrica da Gigawatt Moçambique fornece por cerca de 10 dólares norte-americanos kWh.

Somente 24,8%, dos cerca de 27 milhões de moçambicanos, tinham electricidade da EDM, segundo o Inquérito ao Orçamento Familiar de 2014 – 2015.



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