O Presidente romeno rejeitou hoje a indigitação para primeira-ministra da candidata de esquerda do Partido Social Democrata (PSD), Sevil Shhaideh, que teria sido a primeira mulher e primeira muçulmana a liderar o Governo do país.
"Ponderei com cuidado os argumentos a favor e contra e decidi não aceitar esta proposta", afirmou Klaus Iohannis, citado pela agência France Press.
O PSD indicou o nome de Sevil Shhaideh na sequência da vitória nas legislativas no país no passado dia 11 de dezembro. "Peço à coligação liderada pelo PSD para apresentar outra proposta", afirmou ainda Iohannis numa declaração à televisão romena.
O chefe de Estado não apresentou qualquer justificação para rejeitar o nome de Shhaideh, que pertence à pequena comunidade turca do país e é casada com um empresário de origem síria.
O PSD foi o partido mais votado nas legislativas romenas com 45% dos votos, o que lhe confere a prorrogativa de indicar o nome do primeiro-ministro, para além de que goza de uma confortável maioria parlamentar resultante da coligação pós-eleitoral com a Aliança dos Liberais e Democratas, que foi ainda apoiada pela União Magiar Democrata (UDMR).
O líder do PSD, Liviu Dragnea, seria o candidato natural a primeiro-ministro, se não estivesse a cumprir uma pena suspensa de dois anos por envolvimento num caso de fraude eleitoral em 2012 relacionado com um referendo contra o antigo presidente, Traian Basescu.
A lei romena impede Dragnea de aceder à posição, ainda que fosse considerado o melhor candidato pela aliança política que dirige, facto que foi sublinhado pelo Presidente romeno na semana passada, assim como pelo próprio quando na passada quarta-feira saiu da audiência com Iohannis, em que apresentou o nome de Sevil Shhaideh para liderar o Governo.
À saída dessa audiência Dragnea afirmou que "ainda não" podia autonomear-se para primeiro-ministro, ainda que "tivesse o direito" a isso, porque é líder do partido mais votado nas legislativas. Esta impossibilidade, precisamente, levou Dragnea a escolher Sevil Shhaideh, amiga pessoal do líder do PSD, mas apenas com a experiência política resultante de seis meses no Governo, enquanto ministra do Desenvolvimento Regional, pasta em que substituiu o próprio Dragnea quando este foi condenado por fraude eleitoral.
"Ela é uma pessoa em quem eu confio totalmente e que me dá a possibilidade de assumir a responsabilidade das ações do Governo que devem dar resposta detalhada ao programa do Governo", afirmou Dragnea na passada quarta-feira, numa conferência de imprensa no final da audiência com o Presidente, citada pelo portal Romania-Insider.
A escolha, de que Liviu Dragnea não deu sequer conhecimento ao próprio partido antes de a anunciar então ao Presidente, levantou os protestos generalizados da oposição, que acusaram o líder do PSD de estar a colocar um "fantoche" à frente do Governo.
A vitória do PSD nas legislativas do passado dia 11 acontece cerca de um ano depois de um incidente em torno de um incêndio num clube nocturno ter provocado a morte de 64 pessoas, cujas repercussões mediáticas levou à demissão do anterior primeiro-ministro, Victor Ponta.
A dimensão da tragédia no club Colectiv foi atribuída à corrupção, que esteve na origem do falhanço das medidas anti-incêndio, assim como à resposta fraca dos serviços de emergência hospitalar. Desde então, a Roménia tem sido conduzida por um governo de gestão, liderado por Dacian Ciolos, 47 anos, antigo comissário europeu.
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