Durou apenas um vendaval o recém reabilitado Instituto Industrial e Comercial Ngungunhane, em Lichinga, e que foi reinaugurado com pompa no passado dia 3 de Novembro pelo Presidente Filipe Jacinto Nyusi após uma reabilitação que custou alguns milhões de dólares norte-americanos. Moçambique é um dos três Países mais vulneráveis no globo às Mudanças Climáticas, devido sua localização geográfica, desde 2012 existem recomendações para a construção de Escolas resistentes às chuvas, cheias, ventos, ciclones e até sismos mas não há vontade política para as construir.
A cidade capital da província do Niassa foi fustigada na passada quinta-feira(01) e sexta-feira(02) por mau tempo caracterizado por chuvas moderadas, vento ligeiramente forte.
Em consequência do temporal, próprio da época chuvosa que o País habitualmente regista por esta altura do ano, o tecto de alguns dos pavilhões do Instituto Industrial e Comercial Ngungunhane soltaram-se da estrutura e caíram.
A instituição de ensino, que existe há mais de cinco décadas, foi recentemente reabilitada numa parceria entre os Governos de Moçambique e da Coreia do Sul orçada em cinco milhões de dólares norte-americanos.
Após 14 meses de obras o Instituto foi inaugurado pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi e tornou-se numa das mais modernas escolas técnico-profissionais de Moçambique graças aos laboratórios de mecânica automóvel e electrónica que passou a dispor.
Um antigo estudante do Instituto disse ao @Verdade que “desde a sua construção pelo colono nunca aconteceu coisa do género”, embora tenham a cidade de Lichinga, e o instituto em particular, tenha sido fustigados por diversas situações de mau tempo nestes 52 anos de existência, e confessou a sua decepção por constatar que um dos pavilhões cujo tecto foi levantado pelo vento beneficiou da recente reabilitação.
Entretanto o @Verdade apurou que além do Instituto a Escola Secundária de Muchenga, também em Lichinga, ficou parcialmente sem tecto devido ao vento forte, que diga-se não chegou a ser vendaval.
70% dos edifícios escolares em Moçambique vulneráveis às Calamidades Naturais
Não é novidade que o nosso País é todos os anos alvo de Calamidades Naturais que, devido às Mudanças Climáticas, tornaram-se cada vez mais frequentes e de maior intensidade afectando de entre várias infra-estruturas as escolas, um local não só de ensino e aprendizagem mas também utilizado como refúgio das população quando assoladas pelas referidas intempéries.
Na busca de soluções para mitigar o impacto das Calamidades, que são inevitáveis, foi criado em Julho 2012 o Projecto Escolas Seguras - Orientações Gerais e Princípios para Escolas Seguras e Regras de Construção de Escolas Seguras em Moçambique, uma iniciativa apoiada pelo Banco Mundial e liderada pelo então Ministério da Educação em coordenação com o Ministério das Obras Públicas e o Ministério da Administração Estatal e Função Pública.
O projecto, que contou com a assistência técnica da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane (UEM-FAPF) e do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat), produziu uma série de orientações sobre a segurança das escolas em Moçambique mas que continuam a ser ignoradas na construção e/ou reabilitação das instituições de ensino.
O projecto Escolas Seguras constatou que estavam expostas a um ou mais fenómenos naturais adversos 70% dos edifícios escolares em Moçambique.
Um recomendação, por exemplo para torna-las resilientes aos ventos fortes e ciclones, que é necessário que o edifício possua “fundações profundas e paredes o suficientemente pesadas ou com travamentos”.
Além disso “transferir as cargas directamente ao chão através de pilares e paredes portantes; conexões resistentes entre as componentes fundação-parede-cobertura; uma cobertura o suficientemente pesada ou resistente que evite as cargas do vento em diferentes direcções”.
“Telhados inclinados muito baixos ou muito íngremes, em geral, são menos resistentes às forças do vento. Apesar de cargas de elevação variarem de acordo com tipo de telhado (por exemplo: plano, mono-pitch, empena, quadril), a regra geral é a concepção de inclinação do telhado para estar entre 30 e 45 graus. Onde são desejados telhados de uma maior ou menor inclinação, sistemas de fixação adicionais devem ser projectados para resistir a cargas de elevação”, orienta ainda o estudo que é do conhecimento do Governo.
Entre outras constatações o projecto Escolas Seguras chamava à atenção para durante à construção adequada de edifícios escolares, “basear-se no conhecimento e mapeamento das ameaças por cada região e o seu possível impacto; na localização adequada da escola e a sua implantação correcta; no dimensionamento anticiclónico, anti-sísmico e resistente as cheias ou com provisões para recolha de águas dependendo da zona de exposição. E, por ultimo, deve-se basear na cooperação de todos os sectores do Estado e da sociedade para reduzir de maneira durável os riscos de desastres nestas infraestruturas essenciais e no entorno escolar tudo”.
Relativamente aos custos o projecto a que o @Verdade teve acesso indica que uma Escola Segura custa aproximadamente 8% mais do que o custo de uma construção convencional. Ora o director do Instituto Industrial e Comercial Ngungunhane, Mário Sarajabo, estimou à Rádio Moçambique que a reabilitação poderá custar pelo menos 100 mil dólares norte-americanos, cerca de um quarto do que teria custado reabilita-la de resiliente às Calamidades Naturais.
Aliás no Plano Quinquenal do Governo de Filipe Nyusi, onde está plasmado o desejo de construir 1000 novas escolas, entre 2015 e 2019, não indica se esses estabelecimentos de ensino serão resilientes às Calamidades Natuais.
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