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domingo, 12 de fevereiro de 2017

Inflação continua aumentar, principalmente em alimentos produzidos localmente; bebidas ...

A depreciação do metical em relação as principais divisas parece estar contida desde Dezembro, todavia a inflação continuam a aumentar em Moçambique. Durante o mês de Janeiro a comida ficou mais cara, pelo sexto mês consecutivo, 4,33%, ironicamente devido ao aumento de alguns alimentos produzidos internamente como são o coco, o amendoim e o feijão manteiga. Comparativamente a Janeiro de 2016 os preços dos alimentos básicos aumentaram 30,13%. Paradoxalmente as bebidas alcoólicas não só continuam com preço estável como ainda registaram uma baixa no primeiro mês de 2017.

As decisões de política monetária do Banco de Moçambique que parecem ter contido a depreciação do metical em relação ao rand e ao dólar norte-americano ainda não conseguiram travar a galopante inflação no nosso País, depois dos 2,54% registados em Dezembro o Índice de Preços no Consumidor(IPC) aumentou 2,15% no mês passado.

Mais uma vez a divisão de Alimentação e bebidas não alcoólicas foi a principal responsável por este aumento, de acordo com o IPC, que é medido pelo Instituto Nacional de Estatística(INE), divulgado na semana finda.

“Desagregando por produto, há a destacar o aumento dos preços do Tomate (20,0%), do Carvão (13,1%), do Coco (17,6%), do Amendoim (12,9%), do Carapau (4,6%), e do Feijão manteiga (7,8%)”, refere um comunicado do INE.

É interessante notar o coco, o amendoim e o feijão manteiga são produzidos em Moçambique o que de certa forma contraria a tese governamental, que a solução para que os preços da comida baixe é a produção local. Aliás estes três alimentos já haviam contribuído para a inflação positiva do mês de Dezembro o coco aumentar 22,6%, o amendoim 10,2% e o feijão manteiga 5,5%.

Ainda de acordo com o INE, comparativamente “a igual período de 2016, o País registou um aumento de preços na ordem de 20,56%. As divisões de Vestuário e Calçado e de Alimentação e bebidas não alcoólicas foram, em termos homólogos, as de maior agravamento de preços com 30,65% e 29,95%, respectivamente”.

Importa no entanto notar que este Índice de Preços no Consumidor não mede a inflação real em Moçambique, primeiro recolhe preços apenas nas cidades de Maputo, Beira e Nampula, o que deixa de fora grande parte do País, e por outro lado porque não mede somente os preços de todos os produtos consumidos pelos moçambicanos. Por exemplo na divisão de Alimentação contabiliza apenas os preços dos alimentos considerados essenciais e que fazem parte da chamada “cesta básica”, deixando de fora imensos outros produtos que não são de luxo mas fazem parte da dieta alimentar.

Bebidas alcoólicas não subiram com depreciação do metical nem com aumento da água ou do açúcar

ArquivoParadoxalmente, enquanto o preço da comida sobe as bebidas alcoólicas tem conseguido manter o seu preço e no mês de Janeiro até registaram uma pequena descida de 0,31%. Oficialmente não há explicação de como, por exemplo, as Cervejas de Moçambique, têm conseguido manter inalterados os preços dos seus produtos.

É que grande parte dos elementos para a sua produção são importados e a empresa que domina o mercado parece não sentir o efeito da alta do dólar norte-americano ou do rand inclusive, em meados do ano passado, lançou mesmo uma campanha, de troca de garrafas, que permite aos seus clientes adquirirem cerveja por um preço ainda mais barato.

Nem mesmo o aumento em cerca de 10% na água potável, em Outubro passado, e o recente agravamento do custo do açúcar reflectiu-se no preço das bebidas alcoólicas cujos preços de venda ao público tem estado a reduzir de preço desde então, segundo o IPC.

Quiçá, tendo em conta que uma das principais causas dos acidentes de viação que todas as semanas ceifam a vida de dezenas de moçambicanos é o consumo de bebidas alcoólicas, essas bebidas deveriam tornar-se mais inacessíveis através do aumento do seu preço.

Economia cresceu metade do ano passado

O INE confirmou ainda na semana passada que a economia do nosso País contraiu-se, registando um crescimento de apenas 3,3% em 2016, metade do que tinha crescido no ano anterior.

“Com base nas estimativas do PIB, calculadas como o somatório dos quatro trimestres de 2016, a economia moçambicana cresceu, em termos reais, 3.3%”, relevam as Contas Preliminares Nacionais.

A crise da Dívida Pública aliada a descida do preço das matérias-primas, a subida da inflação, a redução do Investimento Directo Estrangeiro e o abrandamento do crescimento da economia mundial poderão ser as causas deste magro crescimento económico de Moçambique, que foi durante a década passada considerada uma das economias mais pujantes de África.



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