O comboio de transporte de magnetite que está a ser ensaiado na linha férrea de Ressano Garcia, desde o dia 1 de Abril, está a reduzir a quantidade de camiões que demandam, diariamente, o Porto de Maputo, transportando este minério a granel.
Trata-se de uma longa composição, composta por 75 vagões de 60 toneladas cada, transportando um total de 4.500 toneladas de magnetite por viagem. Neste momento, circulam, naquela linha, cinco comboios por semana, estando o aumento da frequência dependente da melhoria das condições operacionais da linha de Ressano Garcia e do Porto de Maputo.
O recurso à via ferroviária para o transporte deste minério surge como resultado dos esforços do Governo, visando conferir maior competitividade e eficiência ao Corredor de Maputo.
De acordo com o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, numa visita recente efectuada ao local onde é manuseado o minério, no Porto de Maputo, “o transporte via ferroviária, não só está a contribuir para o descongestionamento da Estrada Nacional Número Quatro (EN4), mas também a conferir melhorias na cadeia logística, em geral”.
Conforme explicou Carlos Mesquita, o transporte ferroviário concorre para a redução dos custos operacionais, quando comparado com o sistema rodoviário, que era predominantemente usado para o transporte de magnetite.
A introdução deste comboio, que liga a África do Sul ao Porto de Maputo, através da linha de Ressano Garcia, permitiu, até ao momento, a redução de pelo menos 140 camiões por dia, e 700 por semana, que trafegavam na EN4, num só sentido. Assim, espera-se que até o final do ano a mobilidade na EN4 e o congestionamento de camiões no acesso ao Porto de Maputo conheçam melhorias significativas.
Para o ministro dos Transportes e Comunicações, esta medida enquadra-se no âmbito da visão integrada entre o sistema ferroviário e o manuseamento portuário que o Governo tem vindo a promover.
“Temos estado a trabalhar para que os investimentos que estão a ser feitos no Porto de Maputo sejam acompanhados por medidas profundas de melhoria de desempenho da linha de Ressano Garcia para atender, de forma harmonizada, ao crescimento da demanda, sendo a introdução deste comboio um passo importante”, referiu Carlos Mesquita.
A reconquista das cargas tradicionalmente ferroviárias, actualmente transportadas com recurso ao sistema rodoviário, afigura-se como de capital importância para a economia do País, assim como na melhoria da mobilidade ao longo da EN4, para além de contribuir para a melhoria da receita cobrada pela empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), através da maior utilização da linha de Ressano Garcia.
A EN4 registava um movimento desusado de camiões, provenientes da África do Sul, transportando minérios a granel, carga tradicionalmente ferroviária, o que, para além de causar constrangimentos à mobilidade, torna as operações mais caras e incrementa o consumo de combustíveis.
Neste sentido, espera-se que até o final do ano o Porto de Maputo passe a receber cerca de quatro milhões de toneladas de magnetite através da linha de Ressano Garcia, facto que vai reverter a actual tendência, em que maior parte da carga manuseada é transportada via rodoviária.
Refira-se que o Porto de Maputo tornou-se ainda mais competitivo nos mercados regionais e internacionais, com a recente conclusão da dragagem do canal de acesso, que passou de 11 para 14 metros de profundidade, permitindo o acesso àquela infra-estrutura de navios de porte até 120 mil toneladas.
Iniciada no terceiro trimestre de 2015, a dragagem do canal de acesso ao Porto de Maputo custou 84.1 milhões de dólares norte-americanos e enquadra-se numa estratégia que irá permitir que o Porto atinja a meta estabelecida de manusear 40 milhões de toneladas até 2020.
Por outro lado, para conferir maior capacidade à Linha de Ressano Garcia, está prestes a iniciar a implementação de um pacote de cerca de USD 120 milhões na aquisição de equipamento rolante e melhoria da linha férrea.
No concreto prevê-se, ainda este ano, a instalação dum sistema centralizado de comando de circulações, o aumento da extensão dos cruzamentos de 1000 para 1500 metros, reforço de 3 pontes e substituição de alguns carris e travessas de betão.
Em função da evolução da demanda, está prevista a aquisição de 3 locomotivas de 3000 HP e 100 vagões, para a melhoria de tracção nesta linha, de capital importância para o Corredor de Maputo.
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