Uma embarcação da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) chegou neste domingo ao porto de Nápoles, no sul da Itália, com 1.446 imigrantes a bordo que não puderam desembarcar na região da Sicília por causa das medidas de segurança aplicadas pela Cúpula do G7.
"Após uma travessia muito difícil, Prudence finalmente chegou ao porto de Nápoles com 1446 pessoas", divulgou a organização pelo Twitter.
Os imigrantes tinham sido resgatados em 12 operações quando navegavam em embarcações ao sul da Sicília, mas a transferência aos portos dessa região italiana foi impossibilitada pelas medidas de segurança aplicadas durante a reunião das sete maiores economias do mundo, que terminou no sábado em Taormina.
A embarcação precisou fazer uma escala em Palermo, a capital siciliana, para ser abastecida após a chamada da MSF, que alertou sobre as difíceis condições nas quais estava transportando os imigrantes pela impossibilidade de fazer o desembarque na ilha.
"Atribuíram-nos um porto a 48 horas de distância em vez das habituais 30 porque a Sicília estava fechada pelo G7. Na minha opinião, é inaceitável deixar pessoas que recolhemos no mar nestas condições de vida porque há uma reunião que é mais importante que a vida das pessoas", expressou Michele Trainiti, coordenador da operação da MSF.
Trainiti contou ao canal de televisão italiano "SkyTG24" que a bordo do Prudence "viajavam cinco recém-nascidos, 40 crianças menores de cinco anos e "um monte de mulheres grávidas".
O representante da organização disse que durante as operações de resgate das pessoas desembarcadas - que embarcaram na Líbia, mas que procediam de outros países em situação de crise - a embarcação da MSF estava sozinha na área onde foram encontrados os barcos dos imigrantes.
"Numa situação assim, nos perguntamos onde estão as embarcações da Frontex, onde estão as embarcações dos militares que têm de patrulhar os litorais", questionou em relação aos efectivos da agência europeia de fronteiras. "Onde estão todos aqueles que estiveram nos criticando e que não estão aí fora para dar uma mão e salvar estas pessoas", disse em alusão às acusações recebidas pela ONG durante as últimas semanas, ao ser criticada por criar um "efeito chamado" sobre essas pessoas.
Os imigrantes transportados pela embarcação da Médicos Sem Fronteiras estava em "condições higiénicas sanitárias assombrosas", denunciou Trainiti, que disse que o barco da ONG levava a bordo mais que o dobro das pessoas que poderia receber.
As autoridades italianas determinaram que durante a realização da reunião dos líderes do G7 em Taormina, no leste da Sicília, não poderiam chegar a portos desta ilha os barcos lotados de imigrantes resgatados no mar, o que ocorre diariamente. Isso obrigou o prolongamento da travessia de barcos como o da MSF até Nápoles, que está aproximadamente a uma distância de 12 horas de viagem por mar de Catania, próxima a Taormina.
Nos últimos cinco dias, na falta de números oficiais definitivos, calcula-se que pelo menos sete mil pessoas foram resgatadas do mar e 12 cadáveres foram encontrados. Ao longo da semana, foram recuperados os corpos de 34 imigrantes que naufragaram a cerca de 50 quilômetros das costas de Libia.
Segundo os últimos números da Organização Internacional de Migrações (OIM), entre 1º de janeiro e 24 de maio, 60.521 imigrantes e refugiados conseguiram chegar à Europa, dos quais 80% tinham embarcado na perigosa travessia entre Líbia e Itália.
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