O Presidente Robert Mugabe insiste que é o único governante legítimo do Zimbabwe, disse uma fonte de inteligência nesta quinta-feira(16), e está a resistir à mediação de um padre católico que visa conceder ao ex-guerrilheiro de 93 anos uma saída honrosa na esteira de um golpe militar. Enquanto a calma continua em Harare a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reúne-se de emergência nesta quinta-feira e após esse encontro poderão haver desenvolvimentos na crise que se vive desde a tarde de terça-feira(14) neste país vizinho de Moçambique.
O padre Fidelis Mukonori está a actuar como intermediário entre Mugabe e os generais, que tomaram o poder na quarta-feira por meio de uma operação direccionada a “criminosos” ligados ao Presidente, disse uma fonte política de alto escalão à Reuters.
A fonte não pôde dar detalhes das conversas, que parecem buscar uma transição suave e pacífica após a saída de Mugabe, que comanda o Zimbabwe desde sua independência em 1980.
Mugabe, ainda visto por muitos africanos como um herói da libertação, é repudiado no Ocidente, que o vê como um déspota cujas desastrosas medidas económicas e disposição para recorrer à violência para se manter no poder destruíram um dos Estados mais promissores da África. Relatos da inteligência zimbabweana vistos pela Reuters levam a crer que o ex-director de segurança Emmerson Mnangagwa, demitido da Vice-Presidência no mês passado, está elaborando uma visão pós-Mugabe para o país com os militares e a oposição há mais de um ano.
Alimentando a especulação de que tal plano pode estar sendo accionado, o líder opositor Morgan Tsvangirai, que está sendo tratado de câncer no Reino Unido e na África do Sul, voltou à capital Harare na noite da quarta-feira, informou seu porta-voz.
A África do Sul disse que Mugabe relatou ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, por telefone, na quarta-feira, que está confinado à sua casa, mas que de resto está bem e que os militares o estão mantendo e à sua família, inclusive sua esposa, Grace, em segurança.
Entretanto, Zuma que é o presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), convocou para esta quinta-feira uma reunião de crise em Gaberone, no Bostwana, para analisar a situação no Zimbabwe. Na quarta-feira, o líder sul-africano havia enviado a sua ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, e o seu colega da Segurança, Bongani Bongo, para o Palácio Presidencial de Harare, onde se encontra Mugabe, para avaliar a situação.
Jornalistas em Harare reportam que a capital amanheceu em aparente calma. O tráfego recuperou seus níveis habituais, na zona diplomática de Mount Pleasant desapareceram os controles que foram levantados ontem e as escolas retomaram suas aulas.
O diretor da Comissão de Administração Pública do Zimbábue, Mariyawanda Nzuwah, pediu a todos os funcionários que fossem trabalhar, segundo publica o jornal estatal "The Herald".
"Espera-se que todos os funcionários apareçam no local de trabalho todos os dias a tempo de servir o povo do Zimbábue", manifestou Nzuwah, garantindo que todos os funcionários públicos - incluindo membros do Exército - receberiam seu salário a tempo.
A imprensa local confirmou que os militares prenderam três ministros com aspirações políticas da primeira-dama, Grace Mugabe, que aparecia como candidata a vice-presidente depois que seu marido destituiu, na semana passada, Emmerson Mnangagwa, considerado sucessor natural de Mugabe.
Apesar da admiração ainda existente por Robert Mugabe, o povo é pouco afeito a Grace, de 52 anos, ex-datilógrafa do governo que iniciou um caso com Mugabe no início dos anos 1990 enquanto a sua primeira esposa, Sally, sucumbia a uma doença renal.
Apelidada de “DisGrace” ou “Gucci Grace” devido a seu suposto amor por marcas famosas, ela teve uma ascensão meteórica nas fileiras do partido governista do marido, o ZANU-PF, nos últimos dois anos.
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