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terça-feira, 31 de julho de 2018

SELO: Nomenclatura - Por José Maria de Igrejas Campos

Os órgãos de informação noticiaram que a ponte que está a ser construída entre a capital do país e o Distrito Urbano da Catembe se vai chamar PONTE MAPUTO KA TEMBE. Nem que as vacas tussam ou ladrem irei alguma vez escrever Catembe com um KAPA.

Quando eu era director de saúde da cidade de Maputo conhecia o nome dos diversos distritos urbanos da cidade de Maputo e sabia onde ficavam. Às tantas, pessoas que se acham inteligentes e muito versadas em nomenclatura, resolveram mudar os nomes desses distritos pondo Kapas a torto e a direito. E eu perdi-me, já não lhes conheço os nomes nem já sei onde ficam.

Não me perturba grandemente, porque entretanto reformei-me no Ministério da Saúde e já não tenho que lidar com esta nova nomenclatura da divisão administrativa da cidade e podem crer que não sou saudosista, mas que há pessoas que gostam de mudar o nome às coisas, lá isso há, só que às vezes é para pior e nem se apercebem dos custos que acarreta uma mudança oficial de nome.

Mas voltemos às notícias publicadas nos órgão de informação que afirmam que a ponte atravessa a Baia de Maputo, quando na verdade a mesma atravessa o Estuário do Espírito Santo onde desaguam os rios Tembe, Umbeluzi, Matola e Infulene e se calhar alguns ribeiros sem direito a nome. Não é por razões religiosas que terei ficado ofendido por terem tirado o nome de Espírito Santo das notícias publicadas, porque até sou ateu.

A chamada Baía de Maputo começa do lado de cá na Ponta Vermelha e do outro lado na Ponta Mahone. Foi assim que me ensinaram na Escola Rebelo da Silva, que agora se chama 3 de Fevereiro e da qual fui o melhor aluno na 4ª classe e tive direito a um prémio de 2ooo$oo escudos com os quais comprei um bicicleta BSA, roda 16, com mudanças e farolim. Nunca me disseram quem foi o benemérito que depositou num banco em nome da escola uma elevada quantia em dinheiro para esta poder premiar, todos os anos, o melhor aluno. Talvez fosse um benfeitor anónimo.

Apesar da minha idade tenho ainda uma boa memória em relação aquilo que aprendi na escola, no liceu Salazar, na Faculdade de Medicina em Lisboa e na especialidade em Saúde Pública em Maputo. Para presidir ao júri do exame de especialidade veio de propósito de Brazaville o director regional OMS. E é porque ainda tenho boa memória que continuo docente da Faculdade de Medicina da UEM. Não possuo também qualquer défice cognitivo o que julgo não acontece com quem anda a mudar os nomes.

Por José Maria de Igrejas Campos



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