O PCA da HCB, Pedro Couto, anunciou nesta terça-feira (28) o abandono do projecto de construção da Central Norte, orçada em 700 milhões de dólares para gerar 1250 megawatts, e assumiu, como resultado de “consenso ao nível estratégico governamental, de que é necessário dar-se a prioridade a Mphanda Nkuwa”. Uma nova barragem que deverá produzir 1500 megawatts mas está orçada em 2,3 biliões de dólares norte-americanos e com grandes impactos no ecossistema do rio Zambeze.
Intervindo na reunião anual sobre a performance da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Pedro Couto assumiu o repto lançado na semana passada pelo Presidente Filipe Nyusi: “perante as necessidades de construção de uma barragem de maior potência e não usando a mesma água armazenada na albufeira foi um consenso, ao nível estratégico governamental, de que é necessário dar-se a prioridade a Mphanda Nkuwa”.
“A construção da Central Norte seria uma adição de utilização da água que teria problemas hídricos enquanto que a construção de Mphanda Nkuwa é para acontecer à jusante do empreendimento actual, assim sendo é uma água que já passou pelas turbinas e torna acionar turbinas sem o problema da competição com a albufeira”, acrescentou o Presidente do Conselho de Administração da HCB.
No entanto o @Verdade apurou que enquanto Mphanda Nkuwa é um projecto para edificar uma nova barragem, 70 quilómetros à jusante da barragem de Cahora Bassa, que foram orçados em 2,3 biliões de dólares norte-americanos pelo consórcio a quem a concessão foi atribuída, a Central Norte da HCB não só é mais barata, foi estimada em 700 milhões de dólares pelo antecessor de Pedro Couto que a considerava a “jóia da coroa”, como não implica a construção de nova barragem.
“(...) O projecto Cahora Bassa Norte será muito incomum para um projecto hidroeléctrico, pelo facto de a barragem, a albufeira e a maior parte de infra-estruturas eléctricas encontrarem-se já no local. Além do mais, a nova central hidroeléctrica será construída numa caverna subterrânea, num terreno com declive bastante acentuado, desocupado e não usado pelas comunidades locais. Razão pela qual a maior parte das preocupações ambientais e sociais comuns de um projecto de uma hidroeléctrica não serão levantadas”, refere o estudo do impacto sócio-ambiental do projecto Cahora Bassa Central Norte a que o @Verdade teve acesso.
Ambientalistas e académicos indicam que a construção da barragem de Mphanda Nkuwa terá impactos negativos no ecossistema do rio Zambeze e no seu delta, podendo afectar negativamente a vida de mais de 200 mil moçambicanos.
O @Verdade sabe que o interesse de Moçambique reassumir como prioritária a construção de Mphanda Nkuwa está relacionada com a disponibilidade chinesa em investir na nova barragem e no projecto da “espinha dorsal Tete – Maputo” através do sócio da HCB a REN (Redes Energéticas Nacionais de Portugal) que é controlada por empresas estatais da China.
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