O líder interino da Renamo, Ossufo Momade, emitiu, no sábado (13), um mau sinal para as negociações sobre a paz em Moçambique, ao ameaçar romper com o processo, o que dá indicações de que, afinal, as últimas mexidas às leis eleitorais não foram razoáveis para conferir lisura, transparência e justeza às eleições. Segundo ele, não restam dúvidas de que as eleições autárquicas de 10 de Outubro não só foram caracterizadas por “inúmeras irregularidades”, desde o recenseamento eleitoral, como também foram “um verdadeiro fiasco”.
“O processo de votação foi um verdadeiro fiasco. Verificaram-se situações em que os presidentes das mesas entregavam dois ou mais boletins de voto a um eleitor previamente identificado como membro do partido Frelimo”, afirmou Ossufo Momade.
De acordo com ele, as anomalias a que se refere aconteceram um pouco por todos os 53 municípios, mas com maior incidência na Massinga, no Dondo, na Maganja da Costa, na Ilha de Moçambique, no Ribáuè e em Angoche, “com a cumplicidade e apadrinhamento” da Polícia da República de Moçambique (PRM), que prendia todos aqueles que tentassem denunciar tais ilegalidades.
Em alguns casos, a corporação disparou balas reais e lançou gás lacrimogénio contra populações indefesas que pretendiam protestar. Houve ainda “detenções e baleamentos mortais de membros e simpatizantes da Renamo”.
Deste modo, para a Renamo, “o processo eleitoral para as quintas eleições autárquicas foi caracterizado por inúmeras irregularidades”. “Perante este ambiente de violação do principio da livre escolha dos representantes do povo e do Estado de Direito Democrático, fica claro que a Frelimo quer empurrar a Renamo para um novo ciclo de conflito, o que não é o nosso propósito”, disse o general.
Para Ossufo Momade, “o que mais preocupa à Renamo é o silêncio cúmplice do Presidente da República [Filipe Nyusi] na sua qualidade de mais Alto Magistrado da Nação moçambicana e como contraparte nas negociações que visam o alcance da paz definitiva e duradoira, verdadeira reconciliação nacional e consolidação da democracia”.
O alegado silêncio de Filipe Nyusi, na óptica da “perdiz”, contraria o seu discurso oficial, que, à luz do dia, apela aos moçambicanos a viverem como irmãos. Momade afirmou que o seu partido está comprometido com a paz e o bem-estar dos moçambicanos. Não quer guerra. Todavia, “não admitimos nem aceitamos qualquer tentativa de pôr em causa a vontade popular”.
Se o voto popular não for respeitado, o coordenador interino da Comissão Política da Renamo disse que o seu partido “vai romper com as negociações” em torno da paz. “As consequências que daí advirem serão da inteira responsabilidade do Presidente da República e do partido Frelimo”.
Momade falava em teleconferência a partir de Gorongosa (Sofala), para jornalistas na sede da Renamo em Maputo. As organizações da sociedade civil e a comunidade internacional foram igualmente alvos de críticas, porque não reagiram, supostamente, às denúncias da Renamo, segundo as quais a Frelimo transportou cidadãos para se recensearem fora das autarquias onde vivem, à exclusão de Venâncio Mondlane e impedimento de realizar a pré-campanha.
Frelimo reage e pede contenção da “perdiz”
O porta-voz da Frelimo, Caifadine Manasse, reagiu tempestivamente às declarações da Renamo. “Eu acho que o coordenador da Renamo está a perder a oportunidade de se firmar como um dirigente político uma força política do gabarito da Renamo.
“A chantagem política deve parar”, até porque ela não é nova. Acontece “desde as primeiras eleições” em Moçambique.
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