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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Presidente do CNAQ diz que não se pode exigir urgência para haver qualidade no ensino superior

Foto de Emildo SamboA qualidade no ensino superior não se compadece com a pressa para ser alcançada, mas a sua busca deve ser constante e tornar-se “uma cultura das instituições de ensino”, considerou a presidente do Conselho Nacional de Avaliação de Qualidade (CNAQ), Ana Nhampule, fazendo fé ao ditado popular segundo o qual “a pressa é inimiga da perfeição.”

Falando na abertura da 4a. conferência nacional sobre o Sistema Nacional de Avaliação, Acreditação e Garantia da Qualidade do Ensino Superior (SINAQES), a dirigente considerou que, apesar de existirem padrões aprovados pelos mecanismos de avaliação para se aferir a qualidade, “não existe uma meta que determine o fim da sua busca.”

Para além da fraca qualidade, as instituições do ensino superior ainda debatem-se com problemas tais como: investigação científica limitada, falta ou exiguidade de investimento, em particular em infra-estruturas, e escassez de equipamento pedagógico.

Neste contexto, em 2017, o país conheceu os primeiros resultados de avaliação externa e começou-se a monitorar os pregressos nas entidades submetidos à avaliação, disse a fonte.

Naquele ano, “59% dos cursos não ministrados por diferentes entidades de ensino superior “não foram acreditados”, devido a problemas relacionados com a falta de infra-estruturas, pesquisa e ausência de docentes formados, explicou Ana Nhampule, à margem do evento acima referido.

Segundo ela, cerca da metade das instituições cujos cursos não foram autorizados submeteram, novamente, os seus relatórios para uma reavaliação. A primeira constatação sugere que os “resultados são positivos (...) mas é preciso” saber esperar para que a qualidade haja naturalmente.

Para a presidente da CNAQ, “é cedo para indicar o grau de satisfação ou não das recomendações” deixadas em 2017 com vista à melhoria da qualidade que tanto se pede no ensino superior. O certo, avançou ela, é que instituições já percebem que “devem ir fazendo” o que é exequível sem grandes investimentos para contornar a fraca qualidade. Por exemplo, “a formação de docentes e recrutamento de outros” com perfil exigido.

Sobre este assunto, Narciso Matos e João Mosca defendem, no seu artigo intitulado “Desafios Do Ensino Superior” as universidades, públicas e privadas, desmultiplicam-se em polos de ensino superior, sem corpo docente nem as demais condições científicas, pedagógicas, de infra-estruturas e de serviços em cada local. Oferecem-se cursos sem enquadramento de um projecto pedagógico.

Adicionalmente, apesar de a expansão das universidades ter procurado responder à procura do ensino pelo número crescente de estudantes que terminam o ensino secundário que querem e podem continuar os estudos, “o Estado não se preparou para o aumento rápido do afluxo de estudantes ao ensino superior e não criou novas universidades, cursos e preparado condições científicas e pedagógicas para uma diversificação da oferta (tipos de cursos) e elevação dos graus de ensino (mestrados e doutoramentos).”

O défice de oferta do ensino público foi sendo superado com o surgimento e desenvolvimento de universidades privadas, sem que existissem docentes formados para o crescimento de alunos e universidades verificado. Os investimentos concentraram-se em instalações. As bibliotecas, laboratórios, equipamentos pedagógicos, organização e formação em gestão universitárias, foram secundarizadas, vincam os académicos.



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