Por Leonel Muchano
A empresa de serviços público de transporte rodoviário (ex-TPM) tem vindo a enveredar pelo encurtamento de rotas, em prejuízo dos passageiros que ficam extensas horas a espera do transporte para regressar às suas residências.
A prática é reprovável a todos os títulos porque, ao contrário do transporte semi-colectivo, vulgo chapa, os ex-TPM têm um compromisso com os seus utentes, que aliás são contribuintes tanto para a existência da empresa quanto para garantir que os seus funcionários tenham emprego, devendo, por conseguinte, servir devidamente ao público.
No entanto, este princípio está a ficar fora do modelo normativo da empresa relativamente a provisão de transporte aos utentes que, sem quaisquer explicações devidamente fundamentadas, ficam nas paragens a espera do autocarro que nunca vem, mais penoso quando se trata dos últimos carros.
Um dos episódios mais flagrantes e recentes sucedeu na noite de quinta-feira (dia 24 do mês em curso), cerca das 22 horas na rota Jardim/bairro Costa do Sol.
Naquela noite, quando eram sensivelmente 22:40, o autocarro daquela rota passou para o bairro do Jardim, seu terminal, e a expectativa dos passageiros de Jardim e Junta era que o autocarro regressaria para os embarcar.
O tempo passava e o carro não aparecia para recolher os passageiros que, enfurecidos e bem impacientes, esperavam na paragem. Porém, quando eram 23:26, um dos passageiros que "secava" na Junta decidiu efectuar uma ligação telefónica para a "linha-verde" da empresa a comunicar a falta de transporte para muitos que esperavam nas paragens.
O indivíduo que recebeu a chamada telefónica, na sede da empresa, prometeu resolver o problema, o mais breve possível. O tempo passava e não se vislumbrava nenhum sinal de vida, mesmo com a promessa feita por um sujeito que devia ser sensível às necessidades dos utentes.
Quando era um quarto para meia-noite (23:45) passou pelo Jardim um autocarro do trajecto Museu Machava Socimol, com destino a cidade. O mesmo passageiro que comunicou a ocorrência embarcou e foi a empresa para exigir uma explicação sobre o assunto.
Na empresa, o passageiro lesado foi solicitado a explicar novamente o sucedido, que havia comunicado telefonicamente. Os "bosses" afirmaram categoricamente que o machimbombo recolheu a para abastecer, mas logo de seguida voltou a rota.
Na tentativa de comprovar a veracidade, contactaram a tesouraria a fim de saber se o cobrador já tinha ido deixar a receita do dia. Para a sua surpresa, entra de repente o próprio motorista do autocarro que responde que o seu cobrador estava a caminho da tesouraria.
Os "bosses", surpreendidos com a presença do motorista, exigiram uma explicação sobre a rota que tomara após abastecer o autocarro.
O jovem confirmou aos 'bosses' a irresponsabilidade de ter começado no Ponto Final com destino ao bairro Costa do Sol, até porque lá não havia, segundo ele, gente que precisasse do autocarro.
Na altura em que o utente se retirava da sede em busca de abrigo para passar a noite, ouviu o motorista juntamente com outros colegas que estavam no exterior a dizerem que ele (motorista) estava tramado por causa do passageiro queixoso.
Mas a questão que se levanta é: será por causa do passageiro queixoso, como ele e os colegas diziam ou por irresponsabilidade própria. De um tempo a esta parte, esta prática tem vindo a tornar-se comum e os passageiros limitam-se a calar na expectativa de ver os problemas resolvidos, mas, pelo contrário, está isso sim a se agravarem, exigindo-se do Conselho de Administração a adopção de medidas correctivas.
O encurtamento de rotas pela empresa de transportes públicos não é um caso isolado, pois é uma prática quase normal nos transportadores semi-colectivos de passageiros, cuja ganância pelo lucro fácil, os leva a optar por prejudicar os passageiros cobrando, pela mesma viagem, duas vezes ou mais vezes.
Por exemplo, alguns "chapeiros", licenciados para o trajecto Museu (na cidade de Maputo) e Zona Verde (no Município da Matola), terminam a sua viagem a meio da rota, contrariando assim aquilo que é a sua obrigação.
Outro exemplo é dos operadores que fazem o trajecto Malhampswene (na Matola) /Mozal (Boane) que, na maioria das vezes, cobram duas vezes pela mesma viagem. Com efeito, eles fazem o trajecto Malhampswene/João Mateus, para de seguida fazer o trajecto João Mateus/Mozal.
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