O ex-presidente da República, Joaquim Chissano, e presidente honorário do Partido Frelimo, disse ontem em Maputo, que os funcionários do Estado devem saber respeitar e ajudar os pequenos empreendedores como forma de contribuir para o desenvolvimento do país.
"O funcionário tem que viver na criatividade, dando contributo às pessoas com iniciativas e levando as pessoas a conhecerem as leis", disse Joaquim Chissano.
Por outro lado defendeu que as pessoas não escolarizadas, nas comunidades precisam de desfrutar de ensinamentos das leis para que dessa forma sejam ajudadas a desenvolverem as suas iniciativas. E quem deve ajudá-las são os funcionários do Governo, instituições de ensino, bem como organizações não-governamentais.
"É preciso respeitar todas as iniciativas. Para mim, não existe nível baixo ou pé descalço nas pessoas. Todos somos importantes neste processo", advertiu Joaquim Chissano.
Falando durante um seminário empresarial subordinado ao tema "O Papel dos Empreendedores na Produção da Riqueza Rumo à Independência Económica de Moçambique", organizado pela Universidade de Sucesso em parceria com a empresa Águas da Região de Maputo, Chissano disse que os empreendedores devem unir esforços para conseguir ultrapassar as barreiras que lhes são impostas, sobretudo nas instituições estatais por falta de conhecimento de leis.
Afirmou que devem existir iniciativas que possam estimular o desenvolvimento das pessoas, das famílias, das comunidades e do país, porque "quando falamos de desenvolvimento devemos estar a falar do somatório das iniciativas que são concretizadas através da organização".
"Eu penso ser essencial que haja a iniciativa de se fazer chegar cada vez mais aos cidadãos a legislação", afirmou Joaquim Chissano reconhecendo que "muitos cidadãos não conhecem as leis".
Segundo o ex-chefe de Estado moçambicano, a falta de conhecimento das leis faz com que algumas pessoas "comecem a trabalhar fora dela".
"Por isso as pessoas precisam de ler e compreender a legislação. Eu pessoalmente quase paguei multa porque não cumpri à risca o que a legislação dizia, sobre as faltas de um trabalhador que me causou prejuízos. Tive que pagar", afirmou.
O presidente honorário do partido Frelimo referiu, por outro lado, que perante muitos constrangimentos, muitas vezes não se sabe quem tem razão "se o empreendedor ou a autoridade desse local onde adormece o seu expediente".
Para Chissano, as pessoas devem saber até a que níveis podem recorrer quando encontrarem barreiras, uma vez "que esses funcionários de primeira instância muitas vezes não aceitam recuar nas suas decisões erradas e pedir desculpas porque pensam que podem perder a autoridade".
Perante isso, é preciso encontrar caminhos para se chegar aos níveis de recurso, onde se pode encontrar explicações. Mas às vezes é difícil mover-se sozinho perante o processo", referiu aquele orador.
De acordo com Joaquim Chissano, às vezes é preciso que haja interacção entre os empreendedores e as autoridades que podem dar um outro salto no desenvolvimento do empreendedorismo". Disse que esse deve ser o trabalho das universidades que pretendem ajudar o empreendedorismo na criação de pequenas empresas no país.
Na verdade, segundo Joaquim Chissano, muitas vezes as pessoas com ideias empreendedoras não sabem como passar do informal para o formal, sendo por isso que precisam de ajuda para elevar os seus conhecimentos.
"A ideia não é acabar com os informais, porque esses nunca vão acabar, mas ajudar no desenvolvimento deles para um outro escalão, porque fica melhor cada vez melhor termos mais formais", disse.
Ainda ontem, Joaquim Chissano recebeu de David Nhanthumbo, da Universidade de Sucesso, o certificado de "Membro Honorário" daquela instituição de ensino superior.
No acto da recepção do diploma, Joaquim Chissano, apesar de ter dito sentir-se honrado pelo certificado de "Membro de Honra", advertiu que "não vou sentir-me no futuro na obrigação das exigências que me vão fazer na qualidade desse estatuto, porque preciso de compreender essa universidade, como funciona e que por isso ainda não estudei a minha decisão".
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