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terça-feira, 15 de novembro de 2016

SELO: Quando Deus (FMI) irá perdoar o judas (Estado Moçambicano)? - Por Couto Fernando

Quando em todo cenário mundial se discute o perigo da divida publica, em Moçambique procura-se uma formula para que Deus (FMI) perdoe o judas (Estado Moçambicano) que pisou na linha vermelha ao efectuar negociatas sujas sem que o todo-poderoso tivesse conhecimento do mesmo. Caricato ou não, o problema é que a discussão ronda em torno culpabilização ou não dos orquestradores do tamanho pecado e esquece-se da recuperação da economia, gravemente doente.

Como explicar esse fenómeno se na óptica de Casanova a necessidade de criação de novos mecanismos e canais emergentes de participação domina o mercado económico subjugado por Deus que tem o poder de impor medidas, ainda que não respondam a demandas e necessidades de quem pecou. Não será essa a hora de reacender o debate em torno da formulação inclusiva de políticas públicas, quiçá evitar mais um pecado capital?

Há quem pensa numa nova engenharia económica local, com base no uso racional dos recursos disponíveis, mas levanta-se um dilema como tirar proveito que o país padece de síndrome de imunodeficiência financeira, derivado da inoperância das instâncias governamentais que não procuram modificar a forma de gestão pública, impedindo desta forma a inserção dos diversos segmentos sociais no processo de tomada de decisão e de implantação de políticas sociais fieis ao Deus da economia mundial e assim evitar uma derrocada económica e social sem precedente.

Se há governos que pensam, identificam neles o protagonismo das mudanças político-constitucionais e, por outro lado, o cidadão como principal contribuinte dos alicerces e reconfigurador dos instrumentos governativo, por que é que que Judas não envereda pelo mesmo caminho e comece a adoptar verdadeiras reformas que impeçam a vassalagem estatal, acobertamento de pecadores e, desta forma, assegurar o florescer da dimensão societal, onde a sociedade civil e os cidadãos sejam os promotores da mudança da acção governamental, através do incremento e valorização da cultura de participação social activa.

Ora vejamos, não aprendemos com as condenações de Portugal, Grécia e Espanha que delegaram a sua soberania, seu poder de decisão e de formulação de políticas ao Deus da economia mundial, decorrente da ausência de transparência do Estado, da paralisação da economia interna, do endividamento público insustentável e mesmo assim preferimos perder o poder e ficar apenas com a capa de um Estado soberano, mas que na pratica nada disso possui, porque dançamos, cantamos, consumimos, agimos, vivemos e celebramos as leis do divino.

Mas será a auditoria internacional que vai ditar o julgamento ou despenalização do Estado? Que já se encontra de tangas (rastos), onde o salário começa a escassear, a fome agudizar, os preços sufocar e empobrecer ainda mais a mais que vive abaixo de um dólar diário.

A questão central deste debate gira em torno da possibilidade ou não de transformar relações de poder desiguais (Deus-Judas-sociedade), em relações mais simétricas, na medida em que à população é dado um espaço minúsculo para intervir directamente nas políticas que lhes dizem respeito, visto que a plataforma de gestão pública vigente representa uma nova configuração de poder (neocolonização) e transformando os cidadãos moçambicanos em homens objectos receptores de todo crime cometido pelo executivo.

Não será essa lógica partidária, centralizadora e egoísta de tomada de decisões que vai contribuindo para a derrocada do Judas, mesmo tendo usufruído um enorme banquete de recursos monetários para materializar interesses de um grupo e desta forma roubando ao cidadão que mesmo com o pacato salário ousa em pagar imposto infindáveis e de pois se aperceber que o governo de tudo se apossou para promover agendas obscuras e improdutivas. O que ganhamos com as empresas MAM, EMATUM e Proindicus, que somente afundam na onda da crise com despedimentos de pessoal à mistura? E, daí, levanta-se a dúvida se efectivamente não houve investimentos mal feitos. E ainda agudizamos a pobreza governamental, sectorial, intelectual e educacional, num país padece de insuficiência de verbas para se reerguer.

Mas há uma luz no fundo do túnel que parece despontar para que Deus (FMI) perdoe o Judas (Estado moçambicano) pelo seu erro estratégico, que de tempo em tempo vai transformando a pátria em desarmada e desunida.

Por Couto Fernando



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