O maior partido da oposição no país, a Renamo, acusa a Unida de Intervenção Rápida (UIR) de estar a cometer uma série de incitações à violência em algumas localidades das províncias de Sofala, Tete e Manica, o que no seu entender demonstra falta de interesse em assegurar o cumprimento da suspensão das hostilidades militares por 60 dias.
A trégua foi declarada pelo próprio líder da “Perdiz”, Afonso Dhlakama, na passada terça-feira (03), com a justificação de permitir que o diálogo político, que desde o seu início não conhece avanços conducente à paz e ao fim da violência, decorra sem sobressaltos e seja célere.
Todavia, na passada sexta-feira (06), por volta das 11h00, dois elementos da UIR saíram de Mutondo, no Posto Administrativo de Canda, província de Sofala, para ameaçar o líder tradicional local, alegando que estavam a fazer patrulha, a pouco menos de dois quilómetros da posição da Renamo, segundo esta mesma formação política.
“As forças da Renamo não reagiram” a tal situação, mas pediram ao seu presidente para também “retribuir com uma patrulha próximo da posição da UIR, em Mutondo”, o que foi recusado, deixando supostamente as populações locais e os guerrilheiros enfurecidos.
À luz da trégua estabelecida, as forças militares de ambas as partes devem, durante a prevalência do armistício e até novas ordens, manterem-se nas suas posições. Mas por alegadas razões de segurança podem fazerem patrulhamento num raio de 3 a 4 quilómetros das bases onde se encontram.
No documento intitulado “balanço dos últimos acontecimentos no país”, enviado ao @Verdade, na semana finda, o eterno rival do partido no poder, a Frelimo, reporta uma outra instigação à guerra, pretensamente ocorrida na última quinta-feira (05), em que as forças governamentais posicionadas na Escola de Tazaronda, no Posto Administrativo de Vunduzi, atacaram casas das populações que vivem em redor da escola.
“Foram à casa da irmã de um membro influente da Renamo, perguntaram pela esposa deste mesmo membro e receberam uma resposta que não permitiu a sua localização porque os residentes suspeitaram que podia se tratar duma acção de sequestro. Não tendo localizado a pretendida, levaram cabritos e galinhas da mesma família e regressaram para sua posição na escola”.
Ainda naquele dia, um outro grupo da UIR deslocou-se à zona de Mussize, onde queimou duas casas, espancou brutalmente dois civis, o que forçou os populares a se dirigirem à base da Renamo pedir a intervenção no sentido de se travar tais desmandos. Porém, os guerrilheiros recusaram por falta de autorização de Afonso Dhlakama, relata o documento a que nos referimos.
As provocações, segundo a Renamo, já aconteciam desde os dias 03 e 04 de Janeiro, próximo do cruzamento de Macossa, na estrada Chimoio-Tete, onde seis elementos da UIR montaram uma cancela para efectuar cobranças ilícitas aos transeuntes, desde peões até camionistas.
Os valores cobrados variam de “50.000,00mt a 5.000,00mt para a passagem no local . Aos membros influentes da Renamo a cobrança é triplicada e varia de 15.000,00mt a 30.000,00mt. Em caso de camiões e camionetas, quem questiona a aplicação destes montantes é submetido a sevícias com ameaças de morte por baleamento”.
O partido liderado por Dhlakama denuncia outras incursões militares em Biribiri, Chipungabeira e Barué, nas províncias de Tete e Manica, respectivamente.
Contudo, a Polícia da República de Moçambique (PRM) disse não ter nenhum registo da ocorrência de actos que perturbem a paz provisória nas zonas indicadas por aquela formação política, nem em outro ponto do país.
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