Passaram mais de 20 dias desde que o Governo anunciou o banimento do frango importado. As toneladas da carne da ave proveniente do Brasil que foram encontradas no mercado moçambicano foram cativadas para analisar a sua qualidade. “Nós não fizemos essas análises (…) tivemos que mandar as amostras para fora do País” apurou o @Verdade no Laboratório Central de Veterinária onde ficamos também a saber que há necessidade de se testar o amendoim, pois é susceptível de desenvolver “aflatoxinas que têm potencial cancerígeno”.
Na sequência da descoberta pela Polícia brasileira de fiscais do Ministério da Agricultura corruptos que facilitavam a produção de alimentos produzidos a partir de carne animal adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efectiva as autoridades moçambicanas anunciaram publicamente a 30 de Março o banimento da importação de frangos de todo o mundo.
Entretanto importadores e retalhistas que operam no mercado moçambicano tinham em stock centenas de toneladas de frango e seus derivados que foram cativados pelas autoridades nacionais para que através de exames laboratoriais se apurasse se é propícia ao consumo humano ou não.
Na semana finda o @Verdade visitou o Laboratório Central de Veterinária, uma unidade da Direcção de Ciências Animais que funciona dentro do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, para onde alegadamente as amostras do frango brasileiro cativado no nosso País foram enviadas.
“No que diz respeito ao frango que veio do Brasil nós não fizemos essas análises porque são análises químicas – para ver as quantidade de nitritos, nitratos, ácido ascórbico e os nitrofuranos – e requerem equipamentos e métodos caríssimos que não temos, tivemos que mandar as amostras para fora do País” revelou ao @Verdade a Dra. Helena Matusse.
De acordo com a fonte, que é responsável pelo Departamento de Nutrição e Alimentos, actualmente o Laboratório localizado no bairro do Jardim, na cidade de Maputo, só realiza análises de microbiologia, que consiste na pesquisa das bactérias que podem contaminar a carne, não só de frango mas também de outros animais disponíveis no mercado alimentar nacional assim como de derivados das carnes e no leite.
Helena Matusse, que é mestrada em Nutrição, explicou ainda que o seu departamento examina de forma rotineira a carne produzida pelos grandes criadores de animais e pelas fábricas de processamento de carnes e seus derivados.
Disse que o laboratório que dirige tem capacidade instalada para atender sem constrangimentos os produtores da região Sul mas alertou para a necessidade da existência de unidades similares na zona Centro, na zona Norte, principalmente tendo em conta ao crescimento da produção nacional de carnes.
Amendoim pode desenvolver agentes cancerígenos
Ainda no Laboratório Central de Veterinária o @Verdade visitou o Departamento de Diagnóstico de Doenças onde são efectuadas análises químicas e nutricionais aos alimentos de consumo humano mas também de rações e forragens para o consumo animal.
A Dra.Carla Maneses explicou caberia ao departamento realizar as análises químicas ao frango do Brasil que foi apreendido, todavia “são testes muito caros e estes são casos raros. Já se fizeram no passado e os resultados foram negativos. Mesmo quando detectados não são uma rotina”.
A Nutricionista aclarou que “as amostras que foram para análise na África do Sul foram dos frangos cativados foram colhidas apenas em Maputo, partindo do princípio que o mesmo lote que vem para Maputo é o que é enviado para as restantes províncias. Concentramo-nos nos grande importadores que fornecem ao mercado”.
No entanto a entrevistada do @Verdade chamou atenção dos moçambicanos para os cuidados a observar mesmo quando se adquirem frangos vivos no mercado nacional. “Se está preocupado com a qualidade o recomendável é comprar nos grandes aviários pois existem controlos sanitários e de qualidade. Por exemplo comprar o frango abatido no bazar, é um risco”, e acrescentou que os pequenos aviários não são alvo de fiscalizações de rotina, apenas quando os produtores pedem ao Laboratório.
De acordo com a Dra.Carla Maneses um outro alimento que os moçambicanos devem ter atenção é o amendoim que pode desenvolver aflatoxinas, que são substâncias produzidas por fungos filamentosos do género Aspergillus e consideradas agentes cancerígenos pela Organização Mundial de Saúde, mas só quando ingeridos em grandes quantidades.
“Ainda não temos um programa de monitoria mas o Governo está a tentar fazer”, disse ao @Verdade explicando que à falta de exames os cidadãos podem reconhecer que o amendoim está contaminado “quando está com aquele sabor rançoso”.
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