Bandidos armados, fazendo-se transportar num carro cuja matrícula não foi registada, bloquearam uma viatura do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) – ex-Polícia de Investigação Criminal (PIC) – dispararam vários tiros e regataram dois presos que na altura eram transportados para uma esquadra, por volta das 11 horas desta segunda-feira (24), em pleno da coração da capital de Moçambique.
Os indivíduos regatados e agora a monte, cumpriam penas de prisão maior por crimes de sequestro e homicídio. O @Verdade apurou um dos foragidos era acusado de ter encomendado o assassinato do procurador Marcelino Vilanculos.
A operação do malfeitores, aparentemente estudada, deu-se defronte da sede da Autoridade Tributária, a dezenas de metros da Procuradoria-Geral da República (PGR), do Tribunal Supremo (TS), e a centenas de metros do gabinete do primeiro-ministro, bem como do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo e do SERNIC.
Os supostos criminosos, em número de quatro, faziam-se transportar numa viatura ligeira de marca Toyota modelo Runx. Com vários tiros imobilizaram um carro-celular do SERNIC, com a chapa de inscrição PRM-01-2-49, no qual viajavam quatro agentes da Polícia.
Segundo Orlando Modumane, porta-voz do Comando da PRM em Maputo, os detidos ora resgatados pelos comparsas eram transportados para a 1ª esquadra localizada Rua Consiglieri Pedroso, para um interrogatório em resultado da alegada tentativa de fuga das celas.
Testemunhas oculares contaram que os bandidos rebentaram a tiro a porta traseira do carro da Polícia e retiraram dois de quatro detidos que na altura eram ali eram transportados.
O episódio, cuja execução confundia-se com uma exibição cinematográfica da Hollywood, deixou vários cidadãos em pânico. Alguns procuravam proteger-se da acção dos meliantes, pois temiam pela vida. Felizmente, não houve registo de vítimas humanas.
Estranhamente, uma outra viatura das autoridades policiais, que escoltava a dos prisioneiros, ficou retida no semáforo “do 33 andares” durante os minutos em que o resgate aconteceu.
Sem nenhum oposição, os bandidos e os seus comparsas resgatados deixaram o local e estão neste momento em parte incerta, apesar do trânsito sempre intenso e em marcha lenta que se verifica na baixa da cidade de Maputo.
À tarde, Orlando Modumane revelou que os dois reclusos ora foragidos são José Ali Coutinho e Alfredo José Muchanga, ambos condenados a “pena de prisão maior por crimes de sequestros e homicídios, para além de tantos outros crimes contra o património”.
Com a sua tradicional ineficiência, horas depois da espectacular fuga, a PRM ainda não dispunha de fotografias dos dois foragidos para divulgação. “Estamos a trabalhar com o Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança da Machava [B.O], de onde os indivíduos saíram”, disse o porta-voz do Comando da PRM na capital moçambicana.
Entretanto o @Verdade apurou que José Ali Coutinho é apontado pelas autoridades como sendo o “chefe de uma das gang dos raptos” e é acusado de ter encomendado o assassinato do procurador Marcelino Vilanculo.
Recorde-se que um dos comparsas de Coutinho é Abdul Afonso Tembe. Este também escapuliu-se do Estabelecimento Penitenciário da Província de Maputo, acto facilitado pelos membros da direcção e da guarda da cadeia, de acordo com a PGR.
Segundo a PGR, no informe anual prestado semana passada à Assembleia da República (AR), foram acusados três arguidos (procurador Marcelino Vilanculo), dos quais um, que se encontrava em prisão preventiva no Estabelecimento Penitenciário Provincial de Maputo, fugiu.
Foram emitidos mandados de captura internacional, via Interpol e a PRM trabalha igualmente para o efeito. Para além da detenção das pessoas que facilitaram a fuga do presumível homicida, está também detida uma senhora. Outros “dois indiciados encontram-se a monte”.
Portanto, a fuga de Coutinho não só representa mais um suspeito do assassinato do magistrado do Ministério Público a monte, significa, também, provavelmente, que o esclarecimento do caso será ainda mais complicado.
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