A intolerância política no país continua a ganhar proporções alarmantes sob olhar indiferente das autoridades que têm o dever de colocar cobro nessa situação. A título de exemplo, o assassinato do presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, Mahumudo Amurane, representa o cúmulo da violação de liberdade de expressão e política. Amurane foi ironicamente assassinado no “Dia da Paz” em Moçambique, na sua residência particular no bairro de Namutequeliua, por um indivíduo desconhecido que disparou três tiros à queima roupa.
O assassinato do edil de Nampula representa uma enorme tragédia não só para os munícipes de Nampula, mas também para o resto do país. Amurane não era apenas um edil, mas um homem comprometido com o seu povo e a sua cidade. Amurane mostrou que é possível estar no poder para servir o povo e não aos seus interesses pessoais, como temos vindo a assistir no país. Em menos de quatro anos, ele fez de Nampula uma cidade aprazível. Transformou os espaços da urbe e devolveu a dignidade aos munícipes.
O brioso trabalho de Amurane, certamente, causou inveja a um bando de incompetentes que olha para o Estado como se de uma vaca leiteira se tratasse. Num país governado por abustres, Amurane foi assassinado por ser uma pessoa idónea, íntegra e incorruptível.
É óbvio que os mandantes de crime aproveitaram-se do desentendimento entre o edil e o seu partido, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), para lograr os seus intentos. É demasiadamente óbvio que se tratou um acto para silenciar um indivíduo que se mostrava uma ameaça para os demais partidos políticos. Diante dessa situação, os munícipes de Nampula não pode permitir que este seja mais um assassinato sem desfecho. Os munícipes têm a responsabilidade de exigir justiça diante desse crime que representa um acto de pura covardia.
Não sejamos insensíveis como os mandantes desse bárbaro acto. Como munícipes de Nampula, olhando para o trabalho que Amurane fez, temos de ser capazes de exigir a justiça e responsabilização. Temos de ser capazes de protestar contra todos os actos bárbaros que vitima(ra)m muitos dos nossos compatriotas inocentes. Não podemos ser cúmplices de todas atrocidades cometidas contra homens honestos deste país e que pensam diferentes.
Amurane começou um projecto e não podemos deixar que os seus ideais morram. Deixemos de lado o medo, mesmo sabendo que, no momento da nossa luta contra esses bandidos que assaltaram o Estado, sejam enviadas a Unidade de Intervenção Rápida, armados até aos dentes, prontos para reprimirem, castrarem e até matarem sem dó nem piedade a todos que tiverem a ousadia de se lhes opuserem ou resistirem. Portanto, é preciso que nos lembremos de que “Somos todos Amurane”.
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