Parece que já não há dúvidas que o discurso sobre o combate à corrupção na Administração Pública não passa disso. Quase todos os dias, temos vindo a assistir ao Presidente da República, Filipe Nyusi, a demonstrar supostamente a sua revolta contra esse mal que tem vindo a postergar o futuro de uma nação. Mas, para tristeza dos moçambicanos, existe uma desfasamento entre o discurso de Nyusi e as acções concretas para estancar essa problemática. A dada altura a sensação que fica é de que não vontade política, sobretudo ao mais alto nível, para combater à corrupção em Moçambique ou, por outro lado, o Chefe de Estado não tem poderes suficientes para impor medidas contra os corruptos que assaltaram o Aparelho do Estado.
A cada dia que passa, multiplicam- se os sectores dentro da Administração Pública nos quais a corrupção vai assumido o rosto da normalidade, sob olhar cúmplice das instituições de justiça que se tornaram num verdadeiro antro de indivíduos incapazes de fazerem valer as leis moçambicanas. Um dos exemplos mais caricatos de inércia, e que até certo ponto causa sonoras gargalhadas, foi o facto de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter emitido um comunicado no qual anuncia que não encontraram nenhum indício no caso envolvendo o ministro de Transporte e Comunicações, no que diz respeito à violação da Lei de Probidade Pública.
Um mero olhar para todos os sectores do Estado fica-se com a impressão de que a corrupção tornou-se numa cultura estatal. Os julgamentos do antigo ministro da Justiça e da ex-PCA do Fundo de Desenvolvimento Agrário são apenas casos isolados de iniciativa de combate a corrupção. Certamente, essas duas figuras tiveram o azar de sentar no banco de réus por terem usufruído do dinheiro público sem o envolvimento de alguns graúdos.
Temos casos mais sérios e preocupantes que todos os moçambicanos gostaria de ver os implicados exemplarmente responsabilizados, porém, continuamos a ser distraídos com os pilha-galinhas. Referimos, por exemplo, a situação das dívidas ilegais da EMATUM, Proindicus e MAM, pois não é segredo para ninguém de que se tratou de corrupção ao mais alto nível e, os arquitectos dessa falcatrua continuam ímpunes zombando da passividade da população.
A corrupção no nosso país não só atingiu o topo, mas também verifica-se na base. A situação no sector da Educação em Nampula é exemplo claro disso. Só neste ano, já foram registados mais de 300 casos, os quais consistiram, em extorsões e subornos, todos eles protagonizados por funcionários da área. Isso é, portanto, uma inequívoca e alarmante demonstração de que deixamos de ser um país normal.
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