Destituído da presidência da União Nacional Africana de Zimbabwe-Frente Patriótico (ZANU-PF), Robert Mugabe não anunciou a sua saída da presidência do Zimbabwe num comunicado ao país transmitido pela televisão estatal neste domingo(19), como era esperado, e afirmou que vai presidir o processo de transição no país vizinho de Moçambique.
Após pressão de seu partido para renunciar à presidência do Zimbabwe, Robert Mugabe, líder do país há 37 anos, fez neste domingo (19) um longo discurso na TV estatal ZBC (Zimbabwe Broadcasting Corporation), mas não renunciou.
Horas antes o Comité Central do seu partido ZANU-PF decidiu destituir Mugabe da liderança e para substitui-lo indicou o ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Antes da reunião, realizada a porta fechada, o presidente do Comité, Obert Mpofu, referiu-se a Mugabe perante a imprensa local como "presidente em fim de mandato" e celebrou a intervenção das Forças Armadas, que abrem uma "nova era, não só para o partido mas para o país".
Mas após esse ultimato, que seguiu-se a uma grande manifestação popular que no sábado(18) exigiu o seu abandono do poder, Mugabe voltou a reunir-se com os militares que na passada terça-feira deram início a rebelião e fez um discurso na TV estatal em seguida.
"Eu acredito que as questões que foram me trazidas vêm da vontade de garantir a estabilidade do país", disse, reforçando que a lei e a ordem do Zimbabwe devem ser preservadas. O discurso foi lido pausadamente.
Mugabe trocou até algumas páginas, num incidente que revela alguma fragilidade do homem que está há quase quatro décadas à frente do Zimbabwe. Mas se as páginas se podem trocar, as convicções não.
"Eu estou feliz que os pilares do estado permanecem funcionais", disse. "Há uma tradição de resistência, que é o nosso legado", concluiu. Durante o pronunciamento, Mugabe também se referiu à economia do país, que está numa "situação difícil". "Vamos inaugurar uma nova cultura de trabalho [...] que vai mudar a nossa economia".
Robert Mugabe terminou o discurso dizendo "obrigado e boa noite".
Aguardam-se pronunciamentos dos militares que controlam o país mas a decisão do Comité Central do ZANU-PF facilita o caminho para que o Parlamento aprove uma moção de censura para expulsar Mugabe.
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