O especialista em Jornalismo Político, Rui Machango, considera que as mudanças civilizacionais, impostas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, impulsionaram, igualmente, o aparecimento de choques sociais e culturais que têm influenciado os comportamentos das novas gerações.
Rui Machango falava na apresentação do sexto sub-tema do terceiro ciclo das Tertúlias Itinerantes 2018, ocorrido, na última sexta-feira, 20 de Julho, em Maputo, com o tema “A prostituição dos Contos de Fada e a Violência na Televisão”, tendo sustentado que desde o seu aparecimento na Europa, nos meados do século XX, que a televisão, ou melhor, as mensagens televisivas têm sido objecto de vários estudos.
“São inúmeras as teorias já produzidas sobre as mensagens reproduzidas por este medium, sobretudo no capítulo sobre os efeitos que elas provocam junto dos telespectadores em geral e sobre as crianças, em particular”, frisou o especialista.
Apesar da vigência do período da destribalização do indivíduo, fruto da Revolução Industrial e da crescente urbanização (retribalização), conforme realçou Rui Machango, o aparecimento da televisão veio alterar, significativamente, as relações sociais. “Desde a chegada da televisão que nos lares, em todo o mundo, o tempo que se gasta a ver televisão não tem parado de aumentar. Moçambique não foge à regra”, sustentou.
Num outro desenvolvimento referiu que a introdução das novas tecnologias no medium televisão veio alterar, profundamente, as linhas editoriais de milhares de canais televisivos em todo o mundo, colocando à cabeça como objectivo principal a rentabilidade económica de todo o sistema, a curto e médio prazo.
Perante esta realidade, segundo Rui Machango, “muitas vezes somos levados a questionar se não estaremos a contribuir para uma educação para a violência dos nossos filhos ao expô-los à mercê de alguns programas televisivos”.
“Hoje, a violência não é apenas física ou linguística. As dificuldades de acesso ao 'wonderful life' que a televisão produz e promove constitui, actualmente, a mais dura provação para os mais novos. Mais agravante ainda é a existência de milhares de pessoas adultas que escolhem os modelos de vida vendidos pela televisão, como exemplo a seguir”, vincou.
Em jeito conclusivo, o especialista em Jornalismo Político defende ser preciso definir, urgentemente, o lugar ideal para colocar este novo “membro” da família; fomentar a análise critica dos conteúdos transmitidos pelo medium, em particular para um público indefeso como são as crianças, promover investimento na produção de conteúdos locais e reforçar a formação dos gestores de conteúdos destinados ao público juvenil.
Importa salientar que as Tertúlias Itinerantes é um ciclo de debates mensais, que reúnem académicos e o público no geral, para debater sobre diversos temas relacionados com a interculturalidade e o desconhecimento mútuo no contexto da era global.
Esta iniciativa académica conta com a coordenação dos académicos Sara Laísse, da Universidade Politécnica, Eduardo Lichuge da Universidade Eduardo Mondlane e Lurdes Macedo, da Universidade Lusófona de Portugal.
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