O Banco Mundial continua a ser o maior credor de Moçambique, desde os anos 90, e mesmo com a descoberta das dívidas ilegais a instituição continua a injectar fundos no Orçamento do Estado, em 2018 foram mais 165 milhões de Dólares elevando a dívida do nosso país para quase 3 biliões de Dólares norte-americanos. Para o Professor João Mosca esta instituição financeira faz parte de uma “perfeita triangulação” para manter o partido Frelimo no poder.
Desde a descoberta das dívidas ilegais das empresas Proindicus e MAM que os Parceiros de Cooperação suspenderam o seu apoio directo ao Orçamento do Estado de Filipe Nyusi no entanto o Banco Mundial nunca suspendeu a injecção de fundos tendo fechado o ano de 2016 como credor de mais de 3 biliões de Dólares.
Em 2017 a instituição financeira multilateral que supostamente combate a fome no mundo injectou cerca de 104 milhões de Dólares para o Orçamento de Estado cada vez mais deficitário mas o @Verdade apurou, na Conta Geral do Estado de 2018, que no ano passado o Banco Mundial meteu mais de 165 milhões de Dólares no erário o que voltou a elevar a dívida de Moçambique, que baixara para 2,7 biliões, para 2,95 biliões de Dólares norte-americanos.
Desde que tem relações formais com o nosso país o Banco Mundial tem sido generoso com os sucessivos governos do partido Frelimo, depois dos seus créditos terem-se elevado até aos 1,4 bilião de Dólares em finais da década de 90 a dívida reduziu parcialmente, graças ao perdão negociado em 1999, mas depois de um ligeira queda voltou a cifrar-se acima do bilião de Dólares desde então.
A 31 de Dezembro de 2018 do total da Dívida Pública Externa, cifrada em 9,9 biliões de Dólares sem incluir as dívidas ilegais da Proindicus e da MAM, o Banco Mundial é o maior credor com cerca de 30 por cento desse stock, seguido pela China a quem Moçambique deve 2,2 biliões de Dólares norte-americanos.
O Professor Catedrático João Mosca disse ao @Verdade que o Banco Mundial faz parte de “uma perfeita triangulação” para manter o partido Frelimo no poder em Moçambique.
“O triângulo é a Comunidade internacional, FMI e Banco Mundial e o Governo. A Comunidade internacional apoia ao Governo nesta acção do estamos juntos e não há crise. Aparece o FMI com o discurso alinhado com o Governo, boas perspectivas, 2020 é o ano do grande ano de arranque, o FMI diz depois das eleições vamos começar o apoio financeiro, e o Banco Mundial nunca parou de dar”, explicou o académico e experiente economista moçambicano.
“O objectivo a curto prazo é a Frelimo ganhar as eleições”
O Professor Mosca acrescentou que “o Banco Mundial é utilizado por algumas embaixadas, que não querem dar a cara, para continuarem a apoiar. Portanto existe uma perfeita triangulação”.
Diversos projectos desta instituição financeira que constrói escolas, unidades sanitárias, infra-estruturas de água, energia, estradas, apoia a agricultura e até ao meio ambiente confundem-se com acções do Executivo, aliás recentemente o Conselho de Ministros aprovou mais uma iniciativa para apoiar a criação de empregos para os jovens com investimento do Banco Mundial.
Por outro lado é através dos juros que os fundos do Banco Mundial rendem que o Governo criou há vários anos o seu saco azul onde biliões de Meticais estão acumulados para uso à margem do Orçamento do Estado.
João Mosca entende que: “Neste momento o objectivo é ganhar as eleições, então é preciso criar um ambiente colectivo na sociedade de que não há crise, estamos todos a recuperar, vamos ter paz, estamos a pôr o soldados da Renamo no exército, já estamos a resolver os problemas deles para recomeçarem uma vida normal, as dívidas agora com o gás vai ser tudo resolvido, não há contradições dentro da Frelimo e portanto não há problemas nenhuns em Moçambique, está tudo numa boa e estamos juntos”.
“O objectivo a curto prazo é a Frelimo ganhar as eleições”, declarou o Mosca que apontou “o embaixador da Suíça é pivot do jogo entre o Governo, a Comunidade Internacional, FMI e Banco Mundial e a Sociedade Civil” tendo em vista garantir os interesses nos recursos de Moçambique particularmente pela África do Sul, Brasil, China, Estados Unidos, União Europeia e Japão.
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