Pelo 20º mês consecutivo, depois de Filipe Nyusi ser empossado como Presidente de Moçambique, os preços continuaram a aumentar. No mês de Fevereiro a inflação oficial, que anda sempre abaixo da inflação real, cresceu mais 1,25%, mais uma vez impulsionada pelo custo da chamada “cesta básica” que quase já duplicou de preço desde Janeiro de 2015.
“Os dados recolhidos nas Cidades de Maputo, Beira e Nampula ao longo do mês de Fevereiro, indicam que o País registou face ao mês anterior, uma subida do nível geral de preços na ordem de 1,25%”, indica o Índice de Preços no Consumidor(IPC).
O relatório, elaborado mensalmente pelo Instituto Nacional de Estatística(INE), indica que a “divisão da Alimentação e bebidas não alcoólicas foi a que maior agravamento de preços registou”. Algo para os economistas explicarem pois a inflação da comida tem sido associada a desvalorização do metical em relação às principais divisas, pois maioria dos alimentos são importados, todavia a nossa moeda tem estado a registar algum apreciação.
O IPC constatou que “da análise da inflação mensal por produto, destaca-se o aumento dos preços do Carvão vegetal (16,7%), de Veículos automóveis ligeiros novos (7,0%), do Ensino superior público (36,5%), do Tomate (3,9%), do Amendoim (7,2%), da Cerveja (2,2%) e da Galinha morta (3,7%)”.
Ainda de acordo com o Índice de Preços no Consumidor, comparativamente a Fevereiro de 2016, “o País registou um aumento de preços na ordem de 20,88%. As divisões de Vestuário e Calçado e de Alimentação e bebidas não alcoólicas foram, em termos homólogos, as de maior agravamento de preços com 30,82% e 27,95%, respectivamente”.
Numa altura em que a Comissão Consultiva do Trabalho está reunida para ponderar a revisão dos salários mínimos nacionais, que no ano passado aumentaram somente entre 4% a 12% quando a inflação já estava acima dos 20%, os trabalhadores moçambicanos aguardam com ansiedade para saber se os aumentos deste ano irão pelo menos igualar a inflação oficial, embora os patrões já tenham deixado claro que há pouca margem afinal têm estado a “envidar esforços para a sobrevivência das empresas e dos postos de trabalho”.
Aliás o @Verdade constatou que com a desvalorização do metical em relação ao dólar norte-americano os salários mínimos dos sectores de agricultura, pecuária, caça e silvicultura, incluindo as empresas agro-industriais e a indústria do caju e do açúcar; pesca industrial e semi-industrial; pesca de kapenta; e da indústria de panificação caíram para baixo do limiar da pobreza, que está situada pelo Banco Mundial em 1,90 dólar, necessitando de um aumento inédito de mais de 21% só para sair desse patamar mas não tornará o salário compatível ao actual custo de vida.
Inflação em alta desde que Nyusi é Presidente
Esta tendência crescente da inflação iniciou-se em Julho de 2015, cinco meses após a investidura de Filipe Jacinto Nyusi como o 4º Presidente da República de Moçambique, tendo nesse ano a comida aumentado 43,70% relativamente a 2014.
No ano seguinte o custo de vida continuou a sua tendência ascendente tendo sido agravado com descoberta dos empréstimos ilegais da Proindicus e da Mozambique Asset Managment que a elevaram para o marco histórico de 25,53% de Outubro, os alimentos de primeira necessidade ficaram mais caros mais 46,56% em 2016, comparativamente ao ano anterior.
Desde então a inflação parou de crescer de forma galopante, quiçá graças as diversas medidas que o Governo de Filipe Nyusi tomou para tentar contê-las aliadas as políticas restritivas do Banco Central, mas a verdade é que o custo de vida ainda não está a reduzir.
Ironicamente alguns dos poucos produtos alimentares que são produzidos em Moçambique até contribuem para o aumento da inflação. Se no mês passado apenas o amendoim foi o único alimento nacional cujo preço aumentou, em Janeiro além dele tinha sido agravado o custo do coco e do feijão manteiga. Alimentos cujos preços já haviam aumentado no último mês de 2016, a par da farinha de milho, do peixe fresco e até do açúcar amarelo.
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