A oposição da Venezuela bloqueou ruas em Caracas nesta terça-feira para denunciar uma decisão do presidente Nicolás Maduro de criar uma “Assembleia Constituinte”, num acto que críticos dizem ser uma tentativa velada de se manter no poder ao evitar eleições.
Após um mês de protestos quase diários de opositores pedindo eleições gerais antecipadas, o líder anunciou na segunda-feira que planeja estabelecer uma assembleia popular com poder de reescrever a Constituição.
O Governo socialista disse que a oposição está promovendo violência nas ruas e se recusando a dialogar, então não teve escolhas, a não ser reorganizar a estrutura de poder da Venezuela. Críticos do presidente dizem que ele tem se tornado cada vez mais ditatorial e planeja equipar a assembleia com apoiantes e evitar eleições, que provavelmente perderia, durante uma recessão esmagadora no país.
Eleições regionais que estavam marcadas para o ano passado ainda precisam ser anunciadas e uma eleição presidencial está marcada para 2018.
Perguntado sobre eleições numa entrevista à TV estatal nesta terça-feira, a autoridade do Partido Socialista no comando da Assembleia Constituinte, Elias Jaua, disse que a agenda eleitoral será respeitada.
No entanto, Jaua também sugeriu que o actual tumulto político estava dificultando a definição de uma data rápida. “Um dos objetivos da Assembleia Constituinte é buscar as condições de estabilidade para conseguir seguir para estes processos eleitorais”, disse Jaua. “Estas condições de normalidade não existem”, acrescentou, citando protestos e confrontos institucionais entre autoridades e a Assembleia Nacional, liderada pela oposição.
Os Estados Unidos da América, assim como a Argentina e Chile, expressaram preocupação nesta terça-feira com a atitude de Maduro.
“Temos profundas preocupações sobre a motivação desta assembleia constituinte que passa por cima da vontade do povo venezuelano e abrasa mais ainda a democracia venezuelana”, disse Michael Fitzpatrick, vice-secretário-assistente de Estado norte-americano para o Hemisfério Ocidental, em ligação telefónica a repórteres.
Fitzpatrick disse que Maduro está tentando novamente “mudar as regras do jogo” em esforços de se manter no poder.
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