Enérgica, disciplinada e decisiva, a França conquistou o Campeonato do Mundo de futebol, neste domingo, com uma vitória por 4 a 2 sobre a Croácia que deixou uma sensação de que a incrível e jovem equipa do técnico Didier Deschamps pode fazer muito mais no futuro.
Com o talento de Kylian Mbappé, de apenas 19 anos, e o segundo elenco mais jovem do torneio, o triunfo pode ser apenas o começo de uma era memorável para o futebol francês.
Deschamps foi criticado por ser pragmático demais, até mesmo enfadonho, dois anos atrás, quando a França perdeu para Portugal na final do Europeu de 2016, em Paris, mas os seus detractores agora estão silenciados.
Enquanto ele continua sendo um treinador que se concentra em criar uma sólida estrutura organizacional, desta vez ele acrescentou truques com a velocidade e habilidade de Mbappé, a inteligência de Antoine Griezmann e a presença física e a movimentação de Olivier Giroud.
Esta não é a França de 1984, campeã europeia com a criatividade dos génios Michel Platini e Jean Tigana, e é uma equipa menos expressiva do que a que conquistou o Mundial de 1998 com o brilhantismo de Zinedine Zidane.
É, no entanto, uma selecção moderna, com jogadores jovens e técnicos, uma identidade distinta e nenhum ponto fraco óbvio.
“Não fizemos um grande jogo, mas mostramos muita qualidade mental. E marcamos quatro golos. Eles (os jogadores) mereceram vencer”, disse Deschamps — e é difícil discordar.
O triunfo é, de fato, merecido. Simplesmente não houve nenhuma selecção melhor do que a França no torneio.
Após ter liderado o seu grupo na primeira fase, a equipe revelou o seu dom pelo contra-ataque com Mbappé na vitória por 4 a 3 sobre a Argentina nos oitavos de final, mas as partidas que realmente mostraram o seu carácter foram nos quartos de final e na semifinal, administradas com excelência, contra Uruguai e uma excelente Bélgica, respectivamente.
A França não esteve no seu melhor na final, com a Croácia dominando a posse de bola por longos trechos e a defesa sofrendo em alguns momentos contra o jogo direto e veloz de Ivan Perisic.
Foi um autogolo e um penalti marcado depois da revisão do árbitro de vídeo que colocaram a equipa de Deschamps em vantagem, mas, uma vez que Paul Pogba marcou o terceiro, e Mbappé acrescentou o quarto, o título estava muito próximo.
De maneira impressionante, a França venceu a final sem uma grande contribuição de N’Golo Kanté, a âncora defensiva e o melhor protector da defesa, que formou uma excelente parceria com Pogba no centro do relvado.
Kanté recebeu cartão amarelo aos 27 minutos e não estava em um dia normal, mas a força e a profundidade do elenco de Deschamps foi evidente, quando entrou o confiável Steven N’Zonzi no lugar do volante, aos 10 minutos do segundo tempo. Com N’Zonzi dominando o sector, a França ficou ainda mais forte e seus últimos dois golos saíram depois da mudança.
Como fez ao longo do torneio, Pogba jogou com muita disciplina táctica num papel mais defensivo, mas ainda conseguiu aparecer no campo de ataque para fazer 3 a 1.
Mas o jogador que captura a imaginação desta equipe é sem dúvida Mbappé, cuja incrível velocidade às vezes mascara o seu excelente toque da bola e habilidade.
Com a experiência, a sua tomada de decisão melhorará com o passar dos anos, e ele deve se tornar uma ameaça ainda maior no Europeu de 2020.
A equipe relativamente jovem da França não melhorará obrigatoriamente, e eles terão que mostrar a mesma quantidade de fome e desejo que a Croácia demonstrou ao longo do torneio.
Mas é difícil não sentir que a selecção de Deschamps tem outra marcha disponível, e é capaz de algo realmente especial, se for necessário.
Argentina e Croácia exigiram bastante da França, e ambas acabaram concedendo quatro golos. Isso é, realmente, algo reservado apenas aos campeões.
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