O Reitor da Universidade Politécnica defendeu a necessidade premente da implementação de iniciativas arrojadas no sector da Educação, para corrigir o sistema nacional de ensino, de modo a que possa crescer com equilíbrio.
Narciso Matos fez este pronunciamento, ao dissertar, na semana passada, no painel sobre o "Capital Humano e a Economia do Conhecimento", do II Fórum MOZEFO, uma plataforma de debate em prol de um crescimento acelerado e inclusivo, que reúne os sectores público e privado e a sociedade civil.
“Temos 17 milhões de crianças e jovens nos ensinos primário e secundário. Ao desagregar esses capitais humanos e olharmos com mais atenção, vemos o que é que tem que ser corrigido”, referiu. Actualmente, conforme indicou, ao nível do ensino técnico-profissional, no País, existem cerca de 100 mil jovens, um número em si muito reduzido. No ensino superior, ao nível universitário, existem cerca de 150 mil jovens, um número que também é muito pequeno para as necessidades do País.
“Em termos comparativos, temos, por exemplo 150 mil generais e 100 mil soldados: significa que este exército tem que ser corrigido”, realçou Narciso Matos, ajuntando que “deveríamos ter muito mais electricistas, carpinteiros, serralheiros, pedreiros do que os engenheiros que estamos a construir”.
Ressalvou que não pretende dizer com isto que os engenheiros sejam muitos. Na verdade, segundo explicou, os 150 mil representam um em cada mil moçambicanos, enquanto na região austral africana há cerca de quatro em cada 100 cidadãos. Disse ainda que no ensino secundário, pode-se constatar que existem cerca de um milhão e meio a dois milhões de jovens e no ensino primário temos os restantes dez ou doze milhões.
“Ao passar do ensino primário para o secundário, temos uma perda enorme de talento, acontecendo o mesmo ao passar do ensino secundário geral para o ensino técnico-professional e para o ensino universitário, onde a situação se repete”, afirmou, sugerindo a necessidade de se corrigir esta situação, que levanta várias questões relacionadas com o acesso universal e à equidade, no País.
Num outro desenvolvimento, o Reitor da Universidade Politécnica apontou que “todos os moçambicanos têm direito à Educação. Mas têm direito a uma boa Educação. Não têm direito apenas a poderem ir à escola. E há consenso hoje na nossa sociedade que há muitas fraquezas nos vários níveis de ensino”.
Em relação à qualidade do ensino nacional, Narciso Matos asseverou que “não podemos estar a multiplicar uma quimera, multiplicar uma mentira. Querer dar a ideia de que há escola para todos, mas que essa escola não forma pessoas que de facto podem transformar as nossas vidas”.
Defendeu a necessidade de se alocar mais recursos na Educação, assim como na Saúde. “Tenho consciência de que o bolo é pequeno. Mas será que está a ser, adequadamente, distribuído de acordo com essa nossa convicção, de que o capital humano é determinante para o nosso crescimento?”, questionou.
Na sua opinião, o País devia desejar ter algumas instituições educacionais que sejam um farol: “Pelo menos uma ou duas universidades públicas que sejam aquilo que nós aspiramos no nosso País e que seriam os viveiros que formam cientistas e educadores. Quando nós pensamos em boas escolas primárias, hoje pensamos em escolas privadas”, concluiu.
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