Os chefes de Estado e de Governo da África Austral reúnem-se a partir de hoje em Maputo para uma Cimeira de dois dias, com a instabilidade que afecta alguns países no centro da agenda do encontro.
À porta-fechada, como habitualmente acontece nestas cimeiras, os estadistas dos 15 países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) vão reunir-se num momento em que o Malawi e a Tanzânia já vivem uma verdadeira "guerra verbal" em torno da soberania do Lago Niassa e se afirmam prontos para uma confrontação militar.
No início desta semana, a Presidente do Malawi, Joyce Banda, até agora muito elogiada por tentar reparar os danos provocados pelo seu antecessor, Bingu wa Mutharika, na cooperação internacional, afirmou-se "pronta a morrer pelo país" numa eventual guerra com a vizinha Tanzânia.
Joyce Banda juntou-se assim à retórica belicista iniciada pelas autoridades tanzanianas, que já tinham manifestado que o país está pronto para a guerra, caso Lilóngwé não cesse as operações de pesquisa de recursos naturais no Lago Niassa, antes da definição do traçado fronteiriço.
O novo caso de tensão na região junta-se à instabilidade no Zimbabwe, ao impasse político em Madagáscar, ao conflito no norte da RDC e à resistência da única monarquia absoluta em África, a Swazilândia, à introdução de reformas democráticas no reino.
Apesar de o seu país, Madagáscar, estar suspenso da organização desde 2010, na sequência do golpe de Estado que o levou ao poder na ilha, o Presidente malgaxe, Andry Rajoelina, já se encontra em Maputo, mas ainda não está claro se participará no plenário da Cimeira.
Anteriormente, o secretariado-executivo da SADC havia anunciado que Rajoelina não tomaria parte no encontro, enquanto a suspensão do país vigorar.
Outra situação de instabilidade regional que não será ignorada é o Zimbabwe. O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, mediador da crise, encontrou-se quarta-feira com os líderes do país, para poder apresentar à Cimeira um relatório sobre a situação no Zimbabwe.
A RDCongo, novamente palco de uma insurreição militar no norte do país, será também objecto da análise da situação política na África Austral durante a Cimeira de Maputo.
A sistemática repressão do movimento pró-democracia pelo único monarca absolutista em África, Msuati III, da Swazilândia, também poderá merecer uma análise dos líderes da região.
Além do Presidente malgaxe, já está em Maputo o vice-presidente de Angola, Fernando da Piedade Dias dos Santos, em representação do chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, que não participará na Cimeira.
Em declarações à imprensa, à saída de um encontro com o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, Fernando da Piedade Dias dos Santos afirmou que o Presidente angolano ficou no seu país para acompanhar o processo eleitoral.
0 comments:
Enviar um comentário