Com a Frelimo e a Renamo a “apedrejarem-se” em plena “Casa do Povo”, a bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) insistiu, esta terça-feira (20), no encerramento a IV Sessão Ordinária da VIII Legislatura, que é responsabilidade do “Governo do Dia” acabar com a guerra de modo a pôr fim à “caça ao homem” e assegurar que a liberdade e a democracia multipartidária sejam materializáveis no país.
Em discurso de total repúdio ao actual ambiente de cortar à faca, sobretudo na região centro, Lutero Simango, chefe da bancada do MDM, disse que as diferenças políticas entre os moçambicanos tendem a confundir-se com a luta pela sobrevivência de um grupo e sua supremacia contra a vontade popular.
Tal facto, na óptica do deputado, “levará o sonho da construção de uma Nação próspera ao abismo. Temos pouco tempo para salvar Moçambique. As diferenças políticas devem ser exercidas em debate político e na formulação de estratégias de um projecto de reconstrução nacional e conquista de independência económica”.
Margarida Talapa, chefe da bancada do partido no poder, sentiu-se acossada. Porém, antes de se dirigir ao eterno rival da formação política a que pertence, concordou que o diálogo é a principal via para a construção de consensos e resolução das diferenças.
Em seguida e sem delongas, ela responsabilizou a Renamo pela tensão político-militar e disse que cabe a este partido depor as armas e devolver a paz aos moçambicanos para que haja reconciliação.
“Nós, os deputados da bancada parlamentar da Frelimo, gostaríamos de sair desta sessão com a convicção de que a paz será uma realidade, a breve trecho, em Moçambique”, disse a deputada da Frelimo.
Por sua vez, Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo, disse que a solução para o clima de terror a que a população está submetida, deve ser encontrada nas negociações, pense embora não registem avanços palpáveis.
“As negociações têm sofrido revezes e perturbações, como o assassinato bárbaro de um dos membros da delegação da Renamo e antigo deputado Jeremias Pondeca, bem como outros membros e quadros do partido”.
Num outro desenvolvimento, a deputada da “Perdiz” declarou que a expectativa do seu partido era “que o povo tivesse festas felizes e em paz, com a cessação das hostilidades militares”, o que não será possível alegadamente porque “em sede da Comissão Mista, a delegação indicada pelo Presidente Filipe Nyusi protelou o alcance de consensos e até hoje não se vislumbra o esperado entendimento”.
Ivone Soares disse ainda que era suposto que os princípios sobre a descentralização, acordados na Comissão Mista, já estivessem nas mãos do Parlamento.
Sobre o mesmo assunto, Margarida Talapa respondeu que a Frelimo defende que “qualquer opção de descentralização deve ser objecto de um debate sereno, objectivo e desapaixonado”.
O MDM voltou à carga para aconselhar as duas partes em conflito a pararem com a guerra. “Pensem no sofrimento e na desgraça que o povo vive (...)”. “O dialogo inclusivo é um imperativo nacional para o resgate de uma paz, efectivar a reconciliação nacional, estabelecer a plataforma do sistema democrático e de governação descentralizada”, declarou Lutero Simango, ajuntando que o seu partido está descontente pela falta de avanços na Comissão Mista, que não passa de uma plataforma do diálogo bipartidário (...).
No seu entender, os pronunciamentos dos membros daquela comissão e dos mediadores internacionais indicam uma opção pelo radicalismo e pela guerra, “fazendo o povo refém da estratégia política-militar” para resolver os diferendos entre a Frelimo e a Renamo.
O MDM mostrou-se também agastado com o facto de, dos quatro projectos de leis que submeteu ao Parlamento, nenhum deles foi agendados para debate e apreciação no plenário.
Lutero disse que a sua formação política encerramento a IV Sessão Ordinária da VIII Legislatura frustrada porque, mais uma vez, enquanto instituição representativa do povo, com poder de legislar e fiscalizar os actos do Governo, “fomos incapazes de responsabilizar politicamente os autores da engenharia financiaria das dívidas ocultas”. O partido está igualmente desapontado pelo facto de o Parlamento não ter conseguido convencer “aos senhores da guerra” que a paz é mais importante do que a própria guerra.
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