No rescaldo do segundo Informe de Filipe Nyusi à Assembleia da República o @Verdade entrevistou centenas de leitores. A expectativa da maioria era se o Presidente iria assumir que o Estado da Nação “vai de mal a pior”. Defraudados e desiludidos os nossos entrevistados desabafaram que “parece-me que ninguém está interessado em melhorar o País”, um outro declarou que “o que assistimos hoje é o cúmulo da tirania, arrogância e ganância acima de tudo”, outro ainda julga que o Chefe de Estado está a ser aldrabado pelos seus colaboradores, “por exemplo, o comboio entre Nampula e Lichinga circulou apenas uma semana e deixou de andar” e outro sentenciou “somos um povo sofrido e com isso considero que a nação está em chamas”.
Serafim, um jovem natural de Nampula, foi curto e pragmático “O Estado da Nação é mau porque falta de tudo: medicamentos, infra-estruturas, paz, segurança e não há certeza de salários no final do mês”.
“Para mim este ano foi péssimo, primeiro porque estou a trabalhar desde Fevereiro até ao presente mês de Dezembro com horas extraordinárias não pagas, o Estado está a dever-me nove meses e não se sabe quando serão pagas. Este facto não só acontece comigo, como também acontece com tantos outros colegas do distrito”, começou por declarar o professor Ilídio, da província de Gaza, considerando ainda que “o meu poder de compra reduziu drasticamente a uma percentagem de quase 50%, isto é, o meu salário já não serve para muita coisa, até para comer devo usar uma calculadora científica. Enfim, o País e o Governo do partido Frelimo enterrou-nos num buraco profundíssimo, todo o moçambicano que já estava no buraco”, desabafou o docente.
Um outro funcionário publico, numa das universidades a funcionar na cidade de Nampula, disse ao @Verdade que para o Presidente de Moçambique concluir que o Estado da Nação não é mau só pode estar a ser aldrabado pelos seus colaboradores, “por exemplo, a ligação ferroviária entre Nampula e Lichinga: o comboio circulou apenas uma semana, dai deixou de andar, mas o chefe disse que estava assegurada as trocas comerciais na zona Norte. A estrada Malema-Cuamba, não tem pernas para andar, foram detectados mais de cem professores com certificados falsos na Zambézia, mas estes factos não foram mencionados, o distrito de Malema produz muito, mas não há nenhuma industria processadora, o que faz com o milho seja escoado ao Malawi, depois de ser processado volta a ser vendido em terras moçambicanas e a preços proibitivos”.
“O Estado da Nação foi péssimo. Há 36 anos que nunca tinha tido um ano como este em termos de ser negativo. Em 1983 na zona de Estevel/Mozal fui a uma loja formar bicha para ganhar uma fatia de pão com jam. Ao longo de décadas pensava que tivesse visto tudo. Afinal é o inicio de nunca antes visto.Dívidas, bandidagem, sequestros, mortes... já vivi tudo e acho que posso morrer”, desabafou uma leitora na terceira idade que prefere manter o anonimato.
Para o jovem Stélio, residente em Manica, “Moçambique é um país que precisa de gente honesta, firme, comprometida com a causa do povo. O que assistimos hoje é só o cúmulo da tirania, arrogância e ganância acima de tudo”.
Não faz sentido “dizer que o Estado geral da Nação é firme enquanto o País está em guerra”
Já Inácio, de Maputo, avalia o “Estado da Nação de mal a pior. Um país onde a polícia oprime mais do que protege, há mais assaltantes na rua que polícia de protecção, há mais homens catanas do que polícias devidamente armados, há mais emprego para os empregados do que para os desempregados, abatem os salários dos funcionários que sempre receberam migalhas para aumentarem dos deputados e ministros. Há subida exorbitante dos produtos da primeira necessidade. Há pessoas a morrer nos conflitos militares todos os dias”.
Para Marta Francisco, doméstica e empresária, o informe foi rico comparativamente ao do ano passado, “mas esperava de ouvir muito mais, sobretudo das estratégias estão a ser levadas a cabo pelo Governo para transformar o trabalho na terra com enxada de cabo curto, industrialização agrícola para evitar as importações e planos para travar a usurpação de terra pelos supostos investidores”.
Baloi, um moçambicano a estudar na África do Sul, disse não fazer sentido “dizer que o Estado geral da Nação é firme enquanto o País está em guerra. Água, os cuidados da saúde não chegam para todos”.
“Diz-se que nenhum Governo da tudo, mas o nosso apenas provê nada. Todos os anos temos os mesmos desafios, mas não aprendemos com os erros, este ano para piorar temos as dívidas públicas ilegais que me stressam por saber que já foram legalizadas, a inflação que afecta todos cidadãos pacatos como eu que sendo estudante vivendo de arrendamento na capital do pais, e os meus pais com o salário magro devem alimentar-me assim como aos meus irmãos, essa tarefa que era difícil tornou-se impossível”, começou por afirmar Abreu.
O jovem natural da Zambézia acredita que “a tensão político Militar tem sido mantida para camuflar os reais motivos da desgraça e pilhagem dos bens do estado, em suma, a situação do País está péssima, porque tudo que está firme, está estável, e eu não vejo nenhuma estabilidade na área económica, social e política, daí que não intendi o que o chefe do estado quis dizer com "estado firme". Gastos com luxúria dos dirigentes é visível, mas não temos fundos para colmatar o efeito dos desastres ambientais que se avizinham. A real situação da nação é descrita por insegurança, fome, roubos e total desrespeito aos direitos humanos básicos tendo como cúmplice a passividade dos cidadãos moçambicanos”.
Emílio Manjate, jovem estudante, não tem dúvidas que o Estado da Nação é crítico e argumenta, “o povo está a afundar num poço e sem ninguém para dar uma corda. Uma coisa impressionante é a escalada subida dos transportes e produtos alimentares e consequente subida das taxas de juros e em tudo isso o estado esquece que o seu funcionário público não teve aumento nenhum. Toda turma do estado central está relaxada em Maputo e estudantes a sofrerem no centro para poderem estar com a família. Somos um povo sofrido e com isso considero que a nação está em chamas”.
Para Sacur Ussene, desempregado na cidade de Nampula, o Informe de Filipe Nyusi não atingiu as suas expectativas, “não basta apenas reconhecer as dificuldades que ele e seu elenco estão a atravessar, e não pode incluir ao povo nos resultados deste pacato relatório, os pobre continuam mais pobres e os ricos mais ricos, a corrupção esta em alta nas instituições públicas. Não esclareceu com detalhes as dívidas da Proindicus, EMATUM e MAM e ainda vivemos num cenário de incertezas devido a instabilidade política, foi apenas para cumprir com a legislação”, concluiu.
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