O vice-ministro da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), Armindo Ngunga, considera inadequado que se pense no ensino moçambicano, sobretudo nas classes iniciais, tendo como modelo o português – tido como idioma oficial, após a independência em 1975 – e argumenta uma das causas que concorrem para o abandono massivo da instrução nas zonas rurais, por exemplo, é a barreira linguística. “As salas de aula não podem ser um local de tortura [psicológica]” ou que metem medo.
O Professor Catedrático entende que o facto de mais de 80 porcento dos petizes que entram para a escola não conhecerem a língua portuguesa é um sinal de que Moçambique deve “ser um país normal como qualquer outro do mundo”. As crianças moçambicanas devem igualmente “ser normais como quaisquer outras do mundo”, que aprendem com base nas suas línguas maternas e o multilinguismo é uma coisa já natural.
Armindo Ngunga fez tais pronunciamentos depois de citar os casos de Tanzânia e Zimbabwe que usam as línguas maternas no processo de ensino-aprendizagem, por isso, o nosso país deve, na sua opinião, seguir o exemplo e não tolerar que a língua portuguesa constitua um factor de exclusão.
Uma criança que chega numa escola, encontra um adulto desconhecido que é seu professor e comunica-se com ela numa língua desconhecida e para si estranha [o português] não está em condições de compreender a matéria que se pretende transmitir, defendeu o governante.
Ele, que falava numa conferência de imprensa, na quarta-feira (15), em Maputo, sobre a II conferência nacional do ensino bilingue, a ter lugar entre esta quinta e sexta-feira, explicou que as línguas maternas permitem que as crianças se sintam confortáveis na escola, vai daí que a sua não utilização causa uma tortura nas crianças que não compreendem o português.
Num outro desenvolvimento, o vice-ministro da Educação e Desenvolvimento Humano falou da necessidade de os professores terem a capacidade de abstração e poder ajudarem as crianças a aprenderem determinadas matérias por vias das suas próprias línguas.
Actualmente, o país conta com 103.632 alunos que estudam no sistema bilingue, em 700 escolas, em 87 distritos e assistidos por 1.898 docentes.
O multilinguismo cobre maioritariamente os distritos das províncias de Cabo Delgado (14), Tete (13), Sofala (12) e Inhambane (14).
via @Verdade - Últimas http://ift.tt/2yLWD6b
0 comments:
Enviar um comentário